Imagina não lavares a roupa sempre que a utilizas. Conseguias? O movimento "Não te laves" é adepto de isso e de muito mais. Tudo para poupar tempo, dinheiro e o meio-ambiente. Já pensaste no tempo que perdes a tratar da roupa?
Segundo um artigo na Vox, este movimento começou primeiro pelo cabelo: lavar apenas com água. Agora, há sinais de que a lavandaria pode ser a próxima área a ser alvo do "Não te laves". Isto porque lavar e tratar da roupa é uma tarefa árdua que nem a tecnologia conseguiu ainda facilitar, inventando algum gadget. Ao contrário de outras tarefas, como cozinhar ou fazer compras, que se tornaram fáceis e cómodas com a tecnologia, "a lavandaria desafia as regras da inovação". Nenhuma marca de detergente ou de lavandaria conseguiu ainda mudar o facto de lavar a roupa ser uma tarefa complexa.
Daí que a próxima tendência possa ser lavar menos a roupa ou não lavá-la de todo. Os fãs de calças de ganga foram os primeiros a popularizar esta tendência. "Não lavo calças de ganga, a menos que haja um desastre, como entornar algo", diz Daniel, adepto deste movimento, ao The Guardian.
A verdade é que para a qualidade da ganga é o melhor. Dura muito mais tempo e a cor não desbota. E, assim, não precisas de comprar mais calças de ganga. "É melhor para o meio ambiente", defende Daniel, que diz que calças de ganga sujas não cheiram mal.
"Deixei de lavar tanto as minhas roupas durante o inverno de 2022. O que me motivou foram os crescentes custos de energia, o efeito sobre o meio ambiente e a incapacidade de secar roupas facilmente dentro de casa. Comecei a pensar que não precisava de lavar a roupa com tanta frequência", refere Jenny, também adepta do movimento "Não te laves", ao The Guardian.
Charlotte, que trabalha com sustentabilidade e moda, alerta para a lavagem das roupas, que tem um impacto "muito grande". "Lavar a frio, lavar apenas quando necessário, usar as roupas por mais tempo – é de igual, senão maior, importância do que comprar uma marca ‘sustentável’ ou uma fibra mais sustentável."
Sempre que a roupa tem uma nódoa, Charlotte limpa-a, no local, sem lavar a roupa por inteiro. "Arejar a roupa é o ideal."
A verdade é que lavar a roupa em casa passou a ser acessível há poucos anos. Segundo Rosie Cox, professora de geografia na Universidade de Londres e coautora do artigo "Sujidade: a realidade imunda da vida quotidiana", citada pelo The Guardian, só a partir dos anos 60 é que a maioria das famílias passou a ter máquinas de lavar a roupa em casa. Antes as próprias roupas também eram feitas de tecidos menos laváveis, como a lã, que se limpava a seco, ocasionalmente. "Muitas vezes escovava-se, passava-se um pano, esse tipo de coisas."
Hoje em dia, os tecidos são muito mais laváveis. As fibras sintéticas e o fabrico barato de fibras como o algodão surgiram numa altura em que as pessoas começaram a ter cada vez mais máquinas de lavar roupa em casa.
Rosie Cox defende que o que consideramos ser limpo é "cultural, histórica e socialmente específico". Mais do que olfativa, a limpeza é muito visual. "Daí que sempre que vemos uma nódoa ou uma marca de sujidade na roupa, que, de outra forma, estaria limpa, decidimos atirar tudo para o cesto da roupa suja."