Os trabalhos de casa são um tema polémico. Quer dizer, não são os trabalhos de casa em si, mas a sua quantidade. Os pais queixam-se de falta de tempo para poderem acompanhar os filhos e os filhos queixam-se de falta de tempo para brincar. Será este um problema dos dias de hoje? Ou sempre existiu? E será altura de pormos fim a esta prática?


A pandemia também alterou a rotina escolar e isso acaba por ter invariavelmente efeitos na vida dos alunos. Vários especialistas em saúde mental defendem que uma grande quantidade de trabalhos de casa pode ter um efeito negativo nos alunos, mas também dizem que a solução não passa por terminar completamente com este método.

Emmy Kang, conselheira de saúde mental da Humantold, citada pelo site USA Today, refere que vários estudos mostram que muitos trabalhos de casa podem ser prejudiciais para a saúde mental, física e emocional dos alunos.



Mais de metade dos alunos dizem que os trabalhos de casa são a principal fonte de stress”, diz. E também há os alunos que ficam acordados até tarde para os terminar, o que pode causar perturbações no sono e levar à exaustão. O psicólogo Nicholas Kardaras defende também que os trabalhos de casa têm um efeito muito limitado, no que toca à aprendizagem do aluno, para a quantidade de horas que rouba da vida social. "Os alunos precisam de tempo para brincar, estar com a família e amigos, para se divertirem e se desconectarem da escola", defende.


O segredo passa, segundo uma outra especialista, Cynthia Catchings, por ter em conta o tipo de trabalho que os alunos levam para casa e o tempo, em média, que o levam a concluir. Ter em conta o tempo dos alunos é meio caminho andado para uma realidade mais harmoniosa.

E esta atenção e cuidado sobre os trabalhos de casa é especialmente importante agora que ainda estamos a enfrentar uma pandemia e a viver os efeitos de dois confinamentos. A saúde mental dos alunos deve ser tida ainda mais em conta. A Covid-19 desestruturou muita coisa. Nicholas Kardaras explica que a escola funciona para muitos alunos como uma força estabilizadora e, com a pandemia, isso desapareceu.

O psicólogo compara ainda a realidade dos jovens com a dos adultos. “Vimos adultos a lutar para voltar aos ambientes de trabalho presencial, depois de meses em teletrabalho. Esse efeito é ampliado com as crianças e jovens porque têm menos recursos e estrutura para lidar com estas transições.”

Não existem soluções, mas sim métodos que podem fazer toda a diferença. Descansar, ter uma alimentação equilibrada, organizar o tempo social e o tempo de estudo e comunicar são alguns deles.
Por exemplo, quando o aluno se depara com muitos trabalhos de casa e de dificuldade acrescida, é importante que fale sobre isso com o professor. “Os professores também precisam deste feedback dos alunos”, conclui o psicólogo.


Será que terminar com os trabalhos de casa continua a ser uma solução?