Se te estás a sentir triste nestes dias depois do Natal e que antecedem o ano novo, não és o único. Além dos tempos que correm, com quase dois anos de pandemia, em que vivemos em função dos planos que a Covid-19 nos permite fazer, existem outras causas que podem explicar esse sentimento. Esta é aquela semana que nem é carne, nem é peixe. Depois da adrenalina dos preparativos para o Natal, a compra de presentes, o preparar a casa para receber a família, os dias que antecedem a passagem de ano podem ser de muita reflexão, alguma angústia, apatia ou tristeza. São os preparativos para a entrada do ano novo, o balanço do ano corrente e as perspetivas do ano que aí vem. Tudo isto, pode ser demasiado para uma pessoa só.


Mediante os acontecimentos que marcaram o teu ano, o teu humor pode ser muito influenciado. Para Henrique Bottura, psiquiatra brasileiro, há fatores que podem estar na base dessa tua tristeza: problemas financeiros, stress de fim de ano e sobrecarga na organização das festas.


É também neste período de festas que tendemos, segundo Henrique Bottura, a olhar para dentro de nós para reavaliarmos o nosso ano, a nossa vida e as nossas relações. E aí podemos enfrentar questões das quais andámos a fugir ao longo do ano. Desde memórias mais tristes, perdas, conflitos, deceções, nostalgia.

Se é uma época em que fazemos planos para o futuro, é também uma época em que avaliamos o que fizemos até agora para alcançar esse objetivo final. E, isso, pode trazer alguns dissabores para alguns de nós.

Depois, associado a tudo isto, está o facto de esta época coincidir com o inverno, em que não há muito sol – que tanto influencia o nosso humor – e, quando há, dura poucas horas. E ainda o facto de vermos os nossos convívios ou viagens postos em causa pela pandemia.



Não há uma solução para resolver estas questões, porque somos todos pessoas diferentes, com vidas diferentes, mas sim várias. Este especialista afirma que, quanto mais facilmente conseguirmos perceber o que nos deixa realmente tristes, mais rapidamente conseguimos ir ao cerne da questão e chegar a uma solução. O único conselho que dá é: não fujas da dor ou sofrimento, que é uma atitude muito comum no ser humano, quando enfrenta desafios.

É também na tristeza que aprendemos coisas e crescemos. Por isso, Henrique Bottura pede mesmo para que não nos deixemos de questionar – os nossos pensamentos e o mundo que nos rodeia. Isso leva-nos a um encontro connosco próprios e, possivelmente, a uma reconciliação com as nossas falhas e inseguranças.


E uma das melhores coisas que podemos fazer nesta época, para contrariar a tristeza, é recuperar a criança que temos dentro de nós. A maioria das crianças vive em êxtase o Natal e a passagem de ano, e guarda memórias boas desta altura. Depois, mediante as perdas e mudanças de vida que vamos sofrendo com o passar dos anos, acabamos por perder esse espírito. É altura de o resgatar! Decora a tua casa - vais mais do que a tempo -, planeia um fim de ano memorável em casa - e aproveita aquilo que os últimos dias de 2021 têm para te oferecer e recebe de braços abertos 2022.