A Covid-19 não quer nada contigo? Nos dias que correm, isso assemelha-se a um superpoder. Todos conhecemos várias pessoas que já tiveram Covid-19 ou, com os números recorde de novos casos que Portugal está a registar, alguém que esteja, neste momento, infetado.


Porém, existem sempre exceções que nem o coronavírus consegue vencer. Há quem nunca tenha estado ainda em contacto com um caso positivo e depois há aqueles casos surpreendentes de pessoas que, mesmo a viverem com um infetado, nunca testaram positivo.


Cientistas de todo o mundo estão a investigar como é que algumas pessoas - infelizmente, é um número cada vez menor - conseguiram evitar o coronavírus por mais de dois anos, mesmo depois da variante omicron que é altamente transmissível e que gerou um aumento recorde de casos durante o inverno.



A ciência ainda está à procura de uma resposta exata. Ao lado da hipótese da sorte, existem outras teorias em cima da mesa propostas por cientistas. Segundo o The Washington Post, Jennifer Nuzzo, professora de epidemiologia da Brown University School of Public Health, diz que uma das muitas razões pode ser o facto de algumas pessoas terem menos receptores nos seus narizes, gargantas e pulmões para o vírus se ligar; ou terem tido uma exposição prévia a um vírus semelhante ou até terem um sistema imunológico mais adequado para combater a SARS-CoV-2.


Para Bob Wachter, professor e presidente do departamento de medicina da Universidade da Califórnia em San Francisco, trata-se também de “uma combinação entre cuidado, circunstância e sorte”. Este professor defende que as pessoas que usam máscaras em espaços fechados, que se mantêm atentas a vacinas e reforços, que se testam com frequência e evitam aglomerados ou viagens de alto risco podem ter menos probabilidade de ficarem infetadas.

Depois, os baixos níveis de transmissão de certas regiões ou a capacidade de trabalhar em casa também podem fazer a diferença.

Se há coisa que o coronavírus já mostrou ser é imprevisível. A ciência tenta percebê-lo cada vez mais, mas há sempre incertezas e casos excecionais que nos levam a questionar se a sorte entra também na equação. Como é o caso dos sortudos que ainda não ficaram infetados, ao fim de mais de dois anos de pandemia.