O calendário marcava o dia 17 de junho de 2017, quando o país anoiteceu com a notícia de que várias pessoas tinham perdido a vida num trágico incêndio, em Pedrógão Grande. Nos dias seguintes, as chamas não deram tréguas e chegaram aos concelhos vizinhos, tendo destruído casas, sonhos e a vida de 66 pessoas. Cerca de 253 pessoas ficaram feridas e 53 mil hectares foram completamente destruídos.


Uma tragédia desta dimensão ultrapassou fronteiras e foi o tema escolhido para um documentário produzido por Leonardo DiCaprio, que chega agora aos cinemas portugueses.


A estreia de "From Devil's Breathe" ou "O Sopro do Diabo" vai acontecer, em Portugal, no dia 11 de novembro. É apenas entre sexta-feira e domingo que o documentário vai estar em exibição nos cinemas NOS de Lisboa, Loulé, Viseu, Funchal, Aveiro, Braga, Matosinhos e Coimbra.


Foi no ano passado que se soube que o incêndio devastador de Pedrógão Grande iria ser alvo de um documentário e já foram divulgadas as primeiras imagens.


"From Devil's Breathe", de acordo com a revista Time, "conta a improvável história na primeira pessoa de duas narrativas que colidem; a extraordinária comunidade de sobreviventes dos incêndios mortíferos de 2017 em Portugal, a lutar para garantir que o que viveram nunca mais acontece; e uma descoberta científica revolucionária que pode ajudar a proteger-nos a todos da emergência climática".


Leonardo DiCaprio tem utilizado a sua visibilidade para chamar à atenção para as alterações climáticas, pelo que pegou no incêndio de Pedrógrão Grande para uma curta-metragem, integrada na série documental "The Tipping Point", sobre a emergência climática.


O trailer mostra imagens das chamas a consumir os terrenos e entrevistas aos sobreviventes. Entre mágoa, lágrimas e cicatrizes, muitos deles confessaram que sentiam que "alguma coisa não estava bem" e que viviam "numa caixa de fósforos".


O fogo deflagrou e consumiu, durante vários dias, hectares e hectares de eucaliptos. Uma das sobreviventes do incêndio afirmou que "estamos numa era de alterações climáticas e nós temos o território ocupado com uma monocultura dos eucaliptos, que é extretamente passível de se incinerar".


Relacionado com esta questão, uma das pessoas que surge no trailer afirma que "Portugal é um dos maiores exemplos de como a má gestão de ecossistemas pode ser tão devastadora".



Neste momento, a solução passa, de acordo com o documentário, pela plantação de espécies autóctones e esta é, para uma das sobreviventes, "uma das formas de salvar as pessoas, de proteger as pessoas".


Chegou agora o momento de assistir ao documentário nos cinemas portugueses, onde os bilhetes têm "um custo simbólico de cinco euros e parte da receita vai ser doada a um projeto de reflorestação a selecionar pela Casa do Impacto", tal como avançou o Jornal de Notícias.