Ser veterinário vai muito além de consultas de rotina com cães ou gatos. É também ter de passar por momentos tão fortes como pôr termo à vida de um animal. Segundo a CNN Portugal, que cita Jorge Cid, Bastonário da Ordem dos Veterinários, há cada vez mais veterinários que se recusam a eutanasiar animais, mesmo em situações em que isso possa ser a única alternativa.

Esta mudança de paradigma já começa mesmo na universidade, com alunos de medicina veterinária que alegam objeção de consciência para não fazerem inspeções a matadouros, para controlar os alimentos. O que é "um problema", tal como conta Jorge Cid. "Faz parte da medicina veterinária a inspeção dos matadouros. Todos os alimentos que são consumidos pelos humanos e que são de origem animal têm de ser controlados, inspecionados e analisados por um médico veterinário. Se toda a gente começasse a ser assim, colocava-se em causa um dia os alimentos de origem animal", alerta.


No caso da eutanásia, que apesar de só ser uma alternativa em casos extremos, isso não minimiza a posição de alguns veterinários. Esta é uma decisão difícil para todos - donos dos animais e os próprios médicos - mas muitas vezes é o melhor para o animal. "Nós fazemos uma ressonância ou uma TAC e há – imagine -, um tumor generalizado, que nós pensaríamos que estava localizado no pulmão, mas que já está generalizado e temos de ser corretos com as pessoas e admitir que o animal não tem qualquer hipótese", explica Jorge Cid.



Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Jorge Cid, que é também veterinário, fala sobre esta mudança de mentalidades: "Antigamente, ninguém pensaria não ir a um matador, porque fazia parte do currículo e nós tínhamos de ir e tínhamos de passar nessa cadeira, senão não fazíamos o curso".

Esta é uma situação delicada para todos e enganas-te se achas que os veterinários não sofrem também quando a única solução passa por eutanasiar um animal.