Já alguma vez pensaste que uma das melhores vistas de Lisboa deve ser aquela que da outra margem abraça toda a cidade?

É engraçado que poucos lisboetas se devem ter lembrado de visitar um miradouro num Santuário que fica mesmo à frente dos seus olhos do outro lado do rio.



Erguido 215 metros acima do nível do mar e com uma panorâmica de 360 graus sobre as duas margens do Rio Tejo, o Cristo Rei, inaugurado há precisamente 63 anos, em 1959, foi construído como agradecimento a Deus por Portugal não ter entrado na Segunda Guerra Mundial e é um dos pontos de visita obrigatória, indissociável da imagem de Almada.



Em Almada, o caminho para o Cristo Rei está assinalado por placas. A estátua está integrada num jardim, em frente ao Almada Atlético Clube, com um edifício de acolhimento e um magnífico miradouro, mas vale a pena visitar a capela e subir de elevador à varanda do Cristo Rei para ficar - como cantam os Anjos - mais perto do céu!



A ideia da construção do Monumento a Cristo Rei foi do então Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, que, em 1934, visitou o Rio de Janeiro. Ao ver no Brasil, a imponente imagem de Cristo Redentor do Corcovado, D. Manuel Cerejeira lembrou-se de propor a construção de uma imagem semelhante em frente a Lisboa. A ideia foi bem recebida por todos os bispos portugueses, mas só em 1939, com o início da Segunda Guerra Mundial é que a ideia da construção do Monumento a Cristo Rei ganhou um novo sentido e vigor.

Assim, a 20 de abril de 1940, em Fátima, os bispos formularam o voto de que “Se Portugal fosse poupado da Guerra seria construído em Lisboa um Monumento ao Sagrado Coração de Jesus, sinal de como Deus, através do Amor, deseja conquistar para Si toda a humanidade”.



Em 1941, o terreno para a construção do monumento foi adquirido e, um ano após o final da Segunda Guerra Mundial, a 18 de janeiro de 1946, foi lançada, mais a sério, uma campanha de angariação de fundos. Nessa campanha, uma das participações importantes foram as crianças portuguesas numa ação realizada entre 1939 e 1958 e chamada “Pedras Pequeninas”. Ao longo do ano, as crianças iam renunciando a algo, colocando essa renúncia num mealheiro que depois era depositado no presépio das suas paróquias no dia dos Santos Inocentes (28 de dezembro).



A 18 de Dezembro de 1949, foi lançada a 1.ª pedra do Monumento ao Cristo Rei. A obra foi realizada através de um sistema em que o andaime era a própria estrutura, recebendo o betão, nos quais se via crescer o pedestal da imagem de Cristo Rei, camada após camada.

No total, utilizaram-se cerca de 40 mil toneladas de betão. Depois de construído, o monumento foi esculpido à mão, a mais de cem metros do chão. Apesar da imponência desta obra, não morreu ninguém na sua construção.

A 17 de Maio de 1959 (Dia de Pentecostes) perante a imagem de Nossa Senhora de Fátima, com a participação de todo o Episcopado Português, os Cardeais do Rio de Janeiro e de Lourenço Marques (Maputo), autoridades civis e de 300 mil pessoas, inaugurou-se o Monumento ao Cristo Rei. O Papa João XXIII esteve presente por radiomensagem e o Cardeal Cerejeira afirmou que este monumento seria sempre “um sinal de Gratidão Nacional pelo dom da Paz".


Cerimónia de inauguração do Santuário do Cristo Rei em 1959 (vídeo do Santuário)



A imagem de Cristo Rei é da autoria de Mestre Francisco Franco e a imagem de Nossa Senhora da Paz, que se encontra na Capela do Monumento, é do Mestre Leopoldo de Almeida. O projeto tem como autores o arquiteto António Lino e o Engenheiro D. Francisco de Mello e Castro.


Em 2006, iniciaram-se os melhoramentos no Monumento a Cristo Rei e no espaço envolvente da zona do elevador. No espaço do miradouro, encontramos agora também a antiga Cruz Alta do Santuário de Fátima, oferecida ao Santuário de Cristo Rei, e a Capela dos Confidentes do Coração de Jesus.


Fotos de Teresa Lage