O bidé não é um objeto comum em muitos países e até se diz que os americanos, por exemplo, nunca se renderam aos bidés e não percebem realmente a sua função. Talvez seja por isto que, em tempo de crise, comprem pacotes e pacotes de papel higiénico. Já os países com bidés não precisam de fazer isto porque o bidé é a solução.

O bidé é, aparentemente, uma “cena” do Velho Continente. Normalíssimo nas casas de banho portuguesas e nascido em França, o bidé faz parte do nosso dia a dia. Sabemos para que serve e damos-lhe utilidade.

O objeto sempre lhes fez alguma confusão e chegam a sentir-se “desconcertados” com a sua presença nas casas de banho de alguns hotéis europeus. E aqueles que até entendem a sua função não reconhecem, porém, o apelo do bidé.


A história do bidé

O bidé apareceu em França, à roda do ano 1600, e foi uma espécie de evolução do bacio, que se usava nos quartos de dormir. O conceito de casa de banho não era o que hoje temos. Portanto, as banheiras, os bacios e, depois, o próprio bidé estavam nos quartos, onde se dormia, ou nos quartos de vestir.

Os primeiros bidés estavam inseridos em pequenos móveis de madeira, com pés curtos, e tapados com tampo também em madeira ou couro. Desta forma, começaram a fazer parte da vida da corte, da nobreza e da burguesia. Todos usavam bidés.

Estavam tão na moda que existem mesmo quadros pintados, na época, com este objeto.


Recorde-se que, não havendo água canalizada, o transporte e carrego de água para as banheiras e para os bidés se fazia pela força de braços da criadagem, tentando mantê-la quente, enquanto atravessavam os longos corredores dos paços e dos palácios.

Conta-se que a própria Maria Antonieta, enquanto aguardava no calabouço pela hora da guilhotina, teve direito, na cela imunda e surrenta, a um bidé.

Um século depois, em 1700, os bidés apresentavam-se mais ornamentados e alguns possuíam já uma bomba de água ligada a um pequeno depósito, fazendo com que a água aparecesse em forma de repuxo.

Depois, no século 19, com o surgimento de água canalizada apareceram as casas de banho separadas do quarto de dormir e o bidé passou a ter, tal como a banheira e o lavatório, também água canalizada e foi igualmente transferido do quarto de dormir para a casa de banho.

Continuou a ser um objeto próprio das classes superiores e espalhou-se pelo resto da Europa, sobretudo pelos países que tinham em França o modelo e a referência para tudo... e que era o caso de Portugal.


Também o Oriente recebeu bem o objeto “bidé”. Já os Estados Unidos foram resistentes ao dito, desde então até aos dias de hoje.

Mesmo, durante a 2ª Guerra Mundial, quando milhares de militares norte americanos se espalharam pela Europa, não apreciaram o bidé. Achavam mesmo que estava ligado a práticas menos dignas, uma vez que encontravam bidés nos quartos de casas de prostituição.

Aliás, os bidés presentes nos quartos foram, durante algum tempo, e para alguns, considerados como um controlo de natalidade.

Enfim, o design dos bidés foi evoluindo e o seu uso alastrou-se para o norte da Europa, muito embora seja mais do agrado dos povos do sul deste Velho Continente. A resistência nos Estados Unidos ao bidé manteve-se e a preferência deste povo foi para o uso de toalhetes em vez das águas correntes do bidé.

Hoje em dia, há retretes com bidé incorporado… uma inovação que pode eventualmente cativar o público norte americano e atravessar definitivamente o Atlântico.

Nós continuamos a gostar de um bidé à parte… agora, com design moderno e torneira amovível e muito útil se o papel higiénico faltar.