“That’s one small step for man, one giant leap for mankind”. Esta é, provavelmente, uma das citações mais populares do século XX. A frase foi dita por Neil Armstrong, o primeiro homem a caminhar na Lua, pouco depois dos seus pés terem tocado naquele planeta, faz agora 50 anos.


A frase é tão poderosa que ainda hoje nos ajuda a entender o sentido de todo o esforço empreendido para levar seres humanos à Lua. Depois da Apollo 11, que tocou no solo lunar no dia 20 de julho de 1969, mais cinco missões alcançaram o objetivo de pisar o solo lunar. Uma, a Apollo 13, ficou pelo caminho. Apesar de vários acidentes fatais no projeto Apollo, esta missão acabaria por trazer de volta à Terra todos os seus tripulantes sãos e salvos, em parte devido à destreza de Jim Lovell, John Swigert, Fred Haise, os astronautas de serviço na missão, conforme é contado no filme que tem em Tom Hanks um dos principais protagonistas.


Há muito tempo que o satélite natural da Terra desperta a curiosidade e a imaginação humanas. Na segunda metade do século XVIII, o escritor e visionário francês Júlio Verne leva três homens e dois cães da “Terra à Lua” e depois “À Volta da Lua”, dois livros que ainda hoje são muito bons de ler. Em 1902, o desejo de ir à Lua leva de George Méliès a fazer Le Voyage Dans La Lune, considerado como o primeiro filme de ficção científica e que produziu aquela que é ainda hoje uma das imagens mais icónicas do cinema de ficção científica. Nos anos 1950, Hergé leva Tintim e os seus companheiros de aventuras à Lua, num duplo álbum Rumo à Lua e Explorando a Lua. Chegar à Lua era um sonho antigo.Mas a frase de Armstrong encerra em si mais do que o concretizar de um sonho, o atingir um objetivo que parecia inalcançável. No início da década de 1960, John F. Kennedy, um dos mais carismáticos presidentes dos Estados Unidos da América, lançou publicamente o desafio de levar uma missão tripulada à Lua e trazê-la de volta em condições de segurança. São históricas as suas palavras “we choose to go to the moon in this decade, and do the other things, not because they are easy, but because they are hard!”


Esta frase e o desafio americano de levar o Homem à Lua têm um contexto – o da Guerra Fria. Então, como agora, o mundo estava dividido. Não exatamente como agora. A divisão do mundo, nos anos 1960, era em larga medida resultado da II Guerra Mundial. De um lado, os países que alinhavam pelo Bloco de Leste, liderado pela União Soviética, e do outro o mundo ocidental, não comunista, encabeçado pelos Estados Unidos.

A liderança tecnológica era uma das formas de mostrar ao mundo quem estava na frente e a corrida ao Espaço era muito mais do que um campeonato de ficção. Para além de vantagens militares, a conquista espacial mostrava quem podia liderar o mundo. E neste aspeto, quando John F. Kennedy fez aquele célebre discurso, os soviéticos levavam vantagem. Foram os primeiros a colocar um satélite artificial em órbita – o Sputnik, os primeiros a enviar um ser vivo para o espaço – a cadela Laika que morreu na viagem, e os primeiros a permitir que um homem viajasse pelo espaço – Yuri Gagarin.

Por isso, quando Neil Armstrong desceu do módulo para dar o primeiro passeio em solo lunar, e uma audiência de milhões de telespetadores em todo o mundo ouviram as suas palavras, numa cobertura jornalística que ainda hoje é um marco, era muito mais do que o concretizar de um sonho que estava em jogo. Levar o Homem a caminhar na Lua foi, na verdade, um gigante passo para a humanidade.