A forma como Portugal está a combater o coronavírus tem sido, desde o início, alvo de alguns elogios. O jornalista François Musseau, do jornal francês Libération, voou até Lisboa para tentar perceber qual o segredo do nosso país no que respeita à mitigação da pandemia.


Numa altura em que os casos estão a aumentar por toda a Europa, e com França a registar mais de 10 mil casos diários, o jornalista não deixou de elogiar as práticas adotadas em Portugal. Aponta a eficácia da resposta hospitalar demonstrada, o comportamento dos portugueses, a “unidade política” entre o Governo, o Presidente da República e os vários partidos políticos e a “separação de pacientes” nas unidades hospitalares.


Desde o início da crise sanitária, a nossa obsessão sempre foi separar claramente o circuito de covid dos demais [pacientes] e garantir que, em nenhum caso, os doentes afectados por outras patologias sejam prejudicados pela mobilização em torno do coronavírus” aponta ao jornal francês o director clínico do hospital, Luís Pinheiro.


E o jornal conclui ainda: “Tudo foi feito para evitar que as duas categorias de pacientes se cruzem”.


O jornalista não deixa de ficar espantado com a realidade portuguesa. Isto porque, segundo refere, apesar de Portugal ter enfrentado uma grave crise económica entre 2008 e 2013, o que levou a cortes nos gastos públicos, afetando o Serviço Nacional de Saúde, regista atualmente “10 vezes menos contágios e 16 vezes menos vítimas mortais” do que Espanha.


Além disso, o jornal Libération frisa ainda que Portugal tem uma capacidade de 3,5 leitos por 1.000 habitantes, o que é considerado demasiado precário pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), enquanto França, por exemplo, tem 5,9 leitos por 1.000 habitantes. No entanto, a taxa de ocupação dos mesmos nas Unidades de Cuidados Intensivos nunca ultrapassou os 60%.


François Musseau diz que Marta Temido é uma “enérgica ministra da Saúde” e refere que “graças à assistência telefónica, 80% dos doentes teve tratamento em casa”.


Para o jornal Libération, Portugal é “a exceção na Europa” desde o início da pandemia na gestão da crise sanitária.