“Desnecessária” é aquilo que o criador da aplicação Stayaway Covid pensa da sua obrigatoriedade. José Manuel Mendonça, presidente do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência, do Porto, é o criador da aplicação que tem dado muito que falar, nos últimos dias.


Tudo por causa das declarações de António Costa, que entregou uma proposta de lei no Parlamento, na passada quarta-feira, que indica a obrigatoriedade da aplicação e a sua fiscalização pela polícia, e da posterior revolta de muitos internautas nas redes sociais.


“Não me sinto confortável [com a decisão]. O Governo toma as decisões que entende, e entenderam colocar isto no Parlamento, mas de facto a aplicação não foi desenvolvida com este objetivo [de obrigatoriedade] e foi um modelo concebido para proteger a privacidade dos dados, o anonimato e ser voluntário” explicou José Manuel Mendonça, em declarações à Renascença.



Desde o final de agosto e até aos dias de hoje, a aplicação já conta com mais de 1,6 milhões de utilizadores, e em apenas dois dias, mais de 177 mil pessoas a instalaram. Por isso mesmo, o criador da Stayaway Covid confessa que a polémica e a obrigatoriedade são desnecessárias.


“Vejo a polémica como escusada, porque se o objetivo era difundir ou acelerar a difusão da aplicação junto dos portugueses não é necessário, porque ela tem vindo a crescer rapidamente e já estamos a caminho dos dois milhões de downloads”.


A par de José Manuel Mendonça, o criador da aplicação, também a Ordem dos Médicos não concorda com a obrigatoriedade da Stayaway Covid, explicando que esta decisão coloca em causa várias “questões éticas fundamentais, como a proteção de dados pessoais”.


A verdade é que mesmo sem a possível obrigatoriedade que pode vir aí, a aplicação tem registado cada vez mais utilizadores. Mas, há ainda muitos que se questionam sobre a utilidade da mesma e sobre a utilização dos dados pessoais de cada utilizador.


A resposta final chega dia 23 de outubro, a data em que a proposta do Governo vai ser discutida no Parlamento.