O consumo excessivo da tecnologia pode ter repercussões maiores do que aqueles que pensamos. Hoje em dia, não há uma criança que não saiba aceder à internet, abrir o youtube e colocar os seus vídeos preferidos. Há quem diga que são muito inteligentes, mas Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França, apresenta uma teoria diferente: este uso precoce e excessivo da tecnologia pode afetar o QI das crianças e dos jovens.


Michel Desmurget afirma que o QI da geração atual é mais baixo do que o da anterior.
Em países desenvolvidos, como a Noruega, Dinamarca, Finlândia, Holanda e França, os filhos apresentam, pela primeira vez, um QI inferior ao dos pais.


O especialista refere que ainda não é possível determinar o que está a afetar especificamente a diminuição do QI, mas o consumo excessivo da tecnologia tem uma forte influência. “Vários estudos têm mostrado que quando o uso da televisão, telemóveis ou computadores aumenta, o QI e o desenvolvimento cognitivo diminuem”, alerta Michel Desmurget, em declarações à BBC.


E como é que o uso de dispositivos tecnológicos afeta o desenvolvimento cognitivo?


- A diminuição das interações intrafamiliares, que são essenciais para o desenvolvimento emocional e da linguagem;
- A diminuição do tempo dedicado a outras atividades que trabalham o lado cognitivo como a leitura, a arte e a música;
- A diminuição das horas de sono;
- O sedentarismo, que para além de ter repercussões físicas, também afeta o cérebro.


Estes são os resultados de um consumo excessivo da tecnologia e que, desta forma, afetam o QI dos seus utilizadores.


Em média, as crianças com 2 anos passam quase três horas por dia em frente a um ecrã, cerca de cinco horas para crianças de 8 anos e mais de sete horas para adolescentes. Isto significa que antes de completarem 18 anos, os jovens terão passado o equivalente a 16 anos em tempo integral em frente aos ecrãs.



Michel Desmurget diz que “quanto mais cedo as crianças forem expostas à tecnologia, maiores serão os impactos negativos e o risco de consumo excessivo subsequente”.


Cabe aos pais estabelecer horários de uso da tecnologia e mostrar aos filhos que existe um caminho igualmente didático e desafiante longe dos ecrãs.