A vindima terminou e Biden é o novo presidente dos Estados Unidos
“ATÉ AO LAVAR DOS CESTOS É VINDIMA” FOI UMA EXPRESSÃO QUE VIRALIZOU NAS REDES SOCIAIS, DEPOIS DE TRUMP DECLARAR VITÓRIA, QUANDO AINDA FALTAVAM APURAR MILHÕES DE VOTOS
A espera foi longa, mas habemus novo presidente dos Estados Unidos. A CNN e a Associated Press acabam de confirmar que Joe Biden conseguiu 284 votos no Colégio Eleitoral e já está com os dois pés na Casa Branca. E fez história: Joe Biden é o candidato a conseguir mais votos na história das eleições presidenciais nos Estados Unidos.
"Vou governar como um presidente americano", disse Joe Biden, numa conferência de imprensa, esta quinta-feira. "Não vai haver Estados vermelhos (cor dos republicanos) e azuis (cor dos democratas) quando ganharmos. Apenas os Estados Unidos da América."
A semana eleitoral esteve ao rubro. Sobretudo no twitter de Donald Trump. O até então presidente dos Estados Unidos declarou na quarta-feira de manha vitória, com milhões de votos por contar.
O candidato republicano acusou os democratas de tentar “roubar” as eleições, através do lançamento de votos já depois do fecho das urnas, e disse que ia recorrer ao Supremo Tribunal.
As acusações surgiram depois de Trump ter ganho em alguns estados importantes, como o Texas, Florida e Ohio. Caso Trump avance para o tribunal, as equipas jurídicas de Biden estão prontas para avançar e contrariar a sua estratégia.
"Até ao lavar dos cestos é vindima"
As eleições norte-americanas estão a ser acompanhadas a par e passo pela maioria dos países, incluindo Portugal. Com a precoce declaração de vitória de Trump nas redes sociais, surgiram comentários, a fazer referência a expressões portuguesas, que se tornaram virais. Como é o caso da expressão “até ao lavar dos cestos é vindima”, que significa, neste caso, que enquanto houvesse votos para contar, não se poderia pronunciar nenhum vencedor.
Mas apesar de ter tido o maior número de votos de sempre, Joe Biden podia não ser eleito o presidente dos Estados Unidos.
Para se ser eleito para a Casa Branca não é preciso ter mais votos: o que conta é ter votos nos estados certos. O próprio Donald Trump foi eleito, em 2016, sem a maioria dos votos, mas no Colégio Eleitoral, obteve 304 votos no total, ao passo que Clinton recolheu 227 votos.
Quando os americanos vão às urnas, não estão a votar em Donald Trump ou Joe Biden, mas sim a eleger os representantes do Partido Republicano ou Democrata. Estes representantes são os Grandes Eleitores e são eles quem decide o rumo das eleições presidenciais.
Cada Estado tem um peso diferente, que depende do seu número de habitantes. Quanto maior for o Estado, maior o número de representantes no Colégio Eleitoral. Por exemplo, a Califórnia, o Estado mais populoso dos EUA tem direito a 55 representantes, enquanto o Wyoming tem apenas três.
Estes representantes vão escolher o candidato tendo por base o vencedor das eleições na zona que representam. Porém, a escolha não é proporcional: todos os representantes votam no mesmo candidato, um sistema conhecido como “Winner takes all” (vencedor leva tudo, em tradução livre), aplicado em todos os Estados.
Por exemplo, Trump teve a maioria dos votos no Estado do Texas, e por isso conseguiu 38 representantes, o número do Estado no Colégio Eleitoral.
No total, existem 538 representantes e para vencer a eleição, um candidato precisa de conseguir 270 representantes no Colégio Eleitoral.