Teremos sempre Constantinopla

Uma vez fui ao jardim com o meu avô. É uma rara memória que tenho dele. Falou-me de Constantinopla.

Quando crescemos, os velhos têm conversas que parecem não fazer sentido. Eu era demasiado novo para julgá-lo e ouvi com atenção o que tinha para me dizer.

Não sei por que me falou de Constantinopla, mas pelo menos não estranhei quando a capital do império Romano e Bizantino voltou a aparecer-me à frente num livro de história do secundário.

Não tenho memórias dos meus avós. Vejo os velhos aqui do bairro e penso que histórias ainda contarão, entre os seus frascos vazios, a pessoas sem tempo para ouvir.

Há quem olhe para os velhos como crianças. E, de uma certa forma, tal como os miúdos, os velhos reclamam atenção quando falam sobre assuntos sem fim.

Este Natal, a RFM e o Lidl estão juntos para apoiar instituições e startups ligadas ao envelhecimento saudável.

José Coimbra


Crónica publicada no jornal Destak de 19 de Novembro 2020