Há cerca de um ano, o mundo ficou a saber da existência de um novo vírus quando um homem foi internado no hospital com uma doença misteriosa, em Wuhan – a região onde, aparentemente, surgiram os primeiros casos de um novo tipo de coronavírus, o SARS-CoV-2, que provoca a doença Covid-19.


Na altura, pouco se sabia sobre este vírus e a forma como poderia afetar as pessoas mas, em apenas três meses, aquilo que parecia uma pneumonia ultrapassou fronteiras, espalhando-se pelos quatro cantos do mundo.


O que até aqui foi dado como certo, em relação às primeiras informações sobre o coronavírus, que terá surgido no mercado de marisco Huanan Wholesale, está agora a ser alterado uma vez que a China estará a tentar mudar a história sobre a origem da Covid-19.



Numa altura em que a pandemia está controlada no país, as autoridades chinesas estão empenhadas em colocar em causa a origem deste vírus, e defendem que, afinal, a pandemia surgiu noutros países e que o primeiro caso poderá ter sido no subcontinente indiano.


Vários meios de comunicação social estatais chineses estão a difundir notícias que dão conta de que o novo coronavírus foi descoberto em comida congelada importada.


O jornal chinês Diário do Povo partilhou, na passada quarta-feira, no Facebook uma publicação que afirma que “todas as evidências disponíveis sugerem que o coronavírus não surgiu na cidade chinesa de Wuhan”.



“Wuhan foi onde o coronavírus foi detetado pela primeira vez, mas não onde ele se originou” lê-se ainda na página do jornal, que cita Zeng Guang, antigo epidemiologista chefe do Centro Chinês para o Controlo e Prevenção de Doenças.


Também um porta-voz do Ministério Chinês dos Negócios Estrangeiros defendeu a mesma teoria, dizendo que é importante distinguir entre onde a Covid-19 foi detetada pela primeira vez e quando o vírus cruzou a barreira de espécies e passou dos animais para humanos.


“Embora a China tenha sido o primeiro país a reportar casos, não significa necessariamente que o vírus teve origem na China” defendeu Zhao Lijian numa conferência de imprensa.


Já vários cientistas chineses corroboram estas últimas afirmações e até submeteram um artigo para a revista científica The Lancet, onde alegam que “Wuhan não é o local onde ocorreu pela primeira vez a transmissão do SARS-CoV-2 entre humanos.”


No mundo ocidental, estas alegações estão a ter pouco crédito, já que o diretor executivo do programa de emergências sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que seria “altamente especulativo” afirmar que a Covid-19 não teve origem na China.