De dia para dia temos atingido máximos no número de mortes e os novos casos já rondam os 10 mil há várias semanas. Nunca vivemos uma situação igual, desde o início da pandemia.


No primeiro confinamento, em que os números de novos casos rondavam os mil e as mortes ficavam-se pelas dezenas, cumprimos todas as regras e só saímos de casa para o essencial. A forma como os portugueses se uniram foi notícia lá fora.

Ao fim de quase um ano de pandemia nas nossas vidas, a realidade é outra. Apesar de os números em Portugal serem altos, nas ruas veem-se aglomerados de pessoas sem máscara, como no fim de semana passado.



Os portugueses parecem não ter medo da pandemia. Será apenas isso?

É o acumular de situações que pesa nos comportamentos” defende Francisco Miranda Rodrigues, bastonário da Ordem dos Psicólogos, citado pela Lusa.


Este não é um comportamento que surja do nada, relembra Francisco Miranda Rodrigues que diz que é importante “olhar para o processo ao longo destes meses de pandemia”.

“As pessoas estão muito cansadas, muitas delas exaustas e com muita dificuldade em gerir as diferentes dimensões da sua vida num contexto destes. Independentemente de não devermos ter determinado tipo de comportamento, isso não significa que não sintamos a necessidade de os ter.”

A pandemia afeta não só a economia e as nossas rotinas, mas também a saúde mental. E “nem todos têm as mesmas ferramentas emocionais para lidar com este problema.”

Quanto mais cansados estivermos mais a tomada de decisão [sobre os comportamentos a ter] é automática, mais emocional, e podemos cometer mais erros, ser mais enviesados [na análise].


Atravessamos todos um momento frágil nas nossas vidas. Estamos e não estamos juntos nesta luta. Cada pessoa lida com a pandemia ao seu ritmo e tempo.
E “antes de culpabilizar o comportamento que cada um tem de ter, e tem de ter mesmo, é essencial que cada um faça o que puder para ter um comportamento que o proteja a si e aos outros, olhando para isto como esforço essencial para ver a luz ao fundo do túnel.”

Até que fique tudo bem, temos de agir e isso passa por, neste momento, ficar em casa.