Esta estátua, feita em homenagem à personagem que protagoniza o poema "La Spigolatrice di Sapri", escrito por Luigi Mercantini, em 1857, está a gerar muita polémica. Foi inaugurada no passado sábado, em Sapri, no sul da Itália, e, desde então, que várias pessoas e movimentos feministas a têm criticado e pedem a sua remoção. O que torna, afinal, esta estátua, com uma intenção forte, tão polémica? A forma como foi construída!
Isto porque a personagem do poema, considerada uma revolucionária, está retratada na estátua de uma forma ofensiva, segundo declarações de várias mulheres da cena política italiana. A estátua consiste numa mulher seminua e com um vestido colado ao corpo, e há quem defenda que representa a hiperssexualização do corpo feminino e o machismo.
O poema, que serviu de inspiração à estátua, conta a história de uma respigadora - quem apanha as espigas que ficam por colher nas searas - que deixou o seu trabalho para se juntar à revolta liderada por Carlo Pisacane contra o Reino de Nápoles.
A intenção era boa, mas ficou aquém pela forma como a estátua foi feita. "Como é que podem aceitar a representação das mulheres com um corpo sexualizado? É uma ofensa às mulheres e à história que ela deveria celebrar", escreveu a deputada Laura Boldrini, do Partido Democrata de centro-esquerda, no Twitter.
Também o Partido Democrata da cidade de Palermo, na região da Sicília, reivindicou a demolição da obra. "Mais uma vez, temos que sofrer a humilhação de nos ver representadas sob a forma de um corpo sexualizado, sem alma e sem qualquer conexão com as questões sociais e políticas da história", escreveu, em comunicado.
A cidade de Sapri já fez saber que não vai retirar a estátua, tampouco questionar a sua interpretação e mensagem.