Começaram as aulas e não se fala de outra coisa. Eu adoro os meus filhos, mas compreendo o alívio.

Hoje, quando os miúdos saíram de casa para ir para escola com a minha mulher, e eu fechei a porta ao mesmo tempo que dizia, na minha voz mais querida, de bom pai, “Adeus, adeus, adeus. Boa escola.”deparei-me com uma situação meio estranha.

Porque de repente ouvi ---- ---- ---- Nada!!!

Silêncio! Que saudades. É que, mesmo à noite, não há grandes silêncios porque eles ressonam.

Dei por mim a ouvir passarinhos e tudo. Até ouvi os meus pensamentos, mas só um bocadinho, porque também não quero isso para a minha vida. É melhor não abrir essa porta.

Dei por mim sozinho em casa e senti-me meio livre e cheio de possibilidades.

Vou andar nu em casa? Não sei.

São tantas possibilidades que até ficamos sem saber o que fazer.

Arrumo a casa? LOLE

Trabalho? DUPLO LOLE

Leio? Não me apetece…

Acabamos a fazer nada!

Por acaso aproveitei e fiz uma daquelas coisas que já não fazia há uns tempos… sentei-me no sofá, carreguei num botãozinho e no meio do silêncio ouviu-se… um “Pip!”

Era o saudoso e nostálgico som da playstation a ligar, um eco de uma vida passada em que tinha tempo para tudo.

Portanto, joguei Playstation de manhã, parecia que tinha 14 anos e que tinha fingido que estava doente para não ir à escola. Foi a melhor manhã!

Depois fui trabalhar e, a meio do dia, do nada, e isto é estranho, dei por mim com saudades deles.

Se isto não é síndrome de Estocolmo, não sei o que é.

E quem é que foi o primeiro pai da fila a ir buscá-los no primeiro dia, quem foi?

Não sei, mas eu não fui de certeza.

Posso ter saudades, mas não sou urso.

Mas soube bem ir buscá-los. Ficaram contentes de me ver, fizeram-me uma pequena festa. Foi muito bonito, pena não ter durado.

Não faz mal, porque a boa notícia é que amanhã há escola outra vez.