Hoje vamos falar sobre um dos últimos bastiões de liberdade na nossa sociedade.

Feirinhas!

Decidi ir à feirinha da Luz com os meus filhos.

E que programão que foi.

Foram umas boas duas horas de eu a dizer “não!”

“Nãoooo”, “Isso não!!”, “Pousa isso Lourenço!” “Não podemos levar isso”

“Não, Joaquim, isso estava no chão! Não comas. Nem penses em comer isto!..

COSPE, COSPE!”

Foi giro, até porque os meus filhos não param quietos, então querem mexer em tudo e querem comprar tudo, sem qualquer tipo de discernimento.

E, como a feira tem imensos brinquedos (de duvidosa qualidade, diga-se de passagem), pior ainda.

“Tem cor? Parece uma porcaria? Então queremos!”

Para facilitar a minha vida, havia uma zona só de cerâmicas que rapidamente se transformou numa zona de pânico parental.

A dada altura, um dos meus filhos ia deixando cair um sapo enorme, e caro, feito de cerâmica (aqueles sapos gigantes que têm um propósito específico, que este claramente não estava a cumprir, e ainda bem porque a feira é para toda a gente).

Depois, apaixonaram-se por um cão de cerâmica, em tamanho real, feito por uma pessoa que claramente nunca tinha visto um cão verdadeiro.

Enfim, foi mais uma sucessão de “nãos”.

Sendo honesto, e apesar destas pequenas guerras com os miúdos, eu adoro estas feiras, porque são uma espécie de microssistema livre. São um dos últimos bastiões de liberdade, onde as normas de saúde ficam à porta da tenda.

Parece que pararam no tempo.

Aquela comida toda frita, parece que estamos a pedir o “Menu azia” ou “gastroenterite”.

Isto para não falar dos carrosséis. Já viram as pessoas que montam as coisas das feirinhas? Eu não quero ser mau, mas não me parece que haja ali um curso de engenharia.

Olhamos para aquelas máquinas e pensamos “Vou mesmo meter-me numa máquina montada por aquele senhor que parece só ter um dente e zero polegares?”

Vais sim, senhor! E sabes porquê? Porque é divertido como tudo, e a verdade é essa… é que, passando o embate inicial e, sejamos sinceros, o cheiro, a feira é uma tarde muito bem passada, diferente e engraçada.

E, no final, come-se um churro ou uma fartura que sabe pela vida.

Sim, vai dar azia forte, mas depois disso damos uma volta na montanha russa e vem tudo fora, portanto está tudo bem.


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