Houve um aeroporto na Nova Zelândia, em Dunedin, que resolveu resolver o derradeiro problema dos aeroportos.

Os preços descabidos? Os atrasos? O overbooking? As greves? Nada disso!

Falamos de um problema muito pior, as despedidas emocionais e demasiado longas. Para atacar este problema dramático, afixaram, na zona de partidas, uma placa a dizer que o tempo limite para abraços de despedida é de 3 minutos.

Isto gerou alguma polémica, porque há quem diga que não podemos pôr um limite no tempo de despedida, e que 3 minutos é pouco.

Ora bem, eu gostaria só de dizer que 3 minutos é imenso. Uma pessoa que fique abraçada durante 3 minutos provavelmente começa a suar e começa a ficar desconfortável. Por mim, uns bons 10/15 segundos está bom.

Apesar desta solução incrivelmente radical, arranjaram uma alternativa para os lamechas que querem despedir-se durante mais tempo. A solução é as pessoas despedirem-se umas das outras no parque de estacionamento do aeroporto, onde se pode ficar durante 15 minutos sem pagar estacionamento.

Mas eu até vou mais longe, e se - acompanhem-me nesta ideia - e se as pessoas dissessem o adeus todo em casa? Depois era só depositar a pessoa no aeroporto e está feito.

As despedidas são sempre um pincel. Quem nunca foi levar uma namorada ao aeroporto e só queria despachar aquilo para ir para casa?

“Ok, ok já percebi. Vamos ter saudades. Agora mete-te lá no avião para eu ir para casa jogar playstation e comer pizza no sofá.”

Dito isto, dei por mim a pensar, como provavelmente toda a gente, que este sinal daria jeito na creche. Quando os pais vão deixar os filhos. Não é pelos pais, mas pelos filhos.

É sempre muito difícil deixar os miúdos lá. Os miúdos querem sempre mais um abraço, mais um adeus, mais uma dúvida. Estão sempre a inventar desculpas “Pai só mais um abraço”, “Pai só mais 5 minutos”, “Pai, podes explicar-me o conflito israelo-árabe?”

“Olha filhote, mais do que o caráter do conflito, sobre o qual várias entidades internacionais já se pronunciaram, tens que pensar se estás confortável com o que se está a passar. A minha sugestão é que vás ouvir o senhor chamado Norman Finkelstein e... O que é que eu estou para aqui a dizer? Vai mas é para as aulas!

“Não quero! Quero estar contigo!”

Assim fica difícil, e por isso dava jeito um sinal para dizermos, “Eu também quero, mas olha o sinal. Diz proibido abraços de mais de 3 minutos. Vá, tens que ir embora.”

“Oh pai, mas eu não sei ler nem compreendo o conceito de tempo ainda no outro dia te perguntei se conheceste a mãe amanhã.”

Pois, isto levanta o problema do conceito de tempo que é uma fragilidade das crianças.

No outro dia, tive um pequeno drama em casa com os meus filhos, de 4 e 3 anos, com o qual ficaram muito, muito chateados porque não foram convidados para o meu casamento, há 7 anos.

Eu tentei explicar-lhes que ainda não eram nascidos e depois até dei um exemplo,

“Oh filhote, o pai também não foi convidado para o casamento do avô e da avó.”

Foi pior a emenda porque o meu filho ripostou logo com, “E Nós? Fomos?”

E quando eu disse que não, entraram num pranto ainda maior.

“PORQUEEEEEEEEEEEEEEEÊ?”

Portanto, se calhar o sinal não serve para nada nas escolas, e dizer 3 minutos ou 10 minutos, é igual.

Aqui que ninguém nos ouve, eu até gosto que eles queiram tanto dar-me abraços antes de irem embora.




Ouve aqui todos os episódios no Podcast Dudas de un Hombre.