Talvez já te tenha acontecido. Vês uma notícia no Facebook, lês o título, pensas “é isto mesmo!” e, de imediato, partilhas. Talvez até acrescentes um comentário de uma ou duas linhas para sublinhar o título da história que estás a partilhar.
Depois de teres partilhado a notícia, alguns amigos começam a comentar. Uns concordam com o que partilhaste e reforçam a tua sensação de “é isto mesmo”. Mas outros, há sempre alguém que o faz, discordam do que publicaste e até lançam uma ou outra pergunta que te deixa inseguro. E, se te deixa inseguro, já não é mau.
É tudo normal. Muitos de nós já passamos pela situação de ter partilhado uma notícia falsa, ou fake news, sem a consciência de o ter feito. É que, se há casos em que é óbvio que se trata de uma fake news, muitas vezes é difícil distinguir a mentira da verdade.
Mas o que são fake news?
As fake news são notícias ou histórias criadas para desinformar ou enganar deliberadamente. Geralmente de natureza sensacional, são criadas para serem amplamente partilhadas e têm quase sempre o objetivo de gerar receita com anúncios web ou desacreditar uma figura pública, um movimento político, uma marca ou uma empresa.
Nada de novo. Em toda a história da Humanidade sempre existiram boatos e rumores que são uma espécie de fake news. Em 1750 circulou nas ruas de Paris o rumor de que o rei Louis XV raptava crianças à noite para se banhar no seu sangue. Alguns anos depois, em 1761, nas ruas de Londres, o rumor de que a cidade iria sofrer um grande terramoto espalhou o pânico.
O que é novo e diferente é a rapidez com que se espalham as fake news e o seu alcance, duas coisas proporcionadas pelas redes sociais. O passa palavra sempre marcou a nossa vida social. Mas, no passado, estava limitado aos nossos contactos face a face. As plataformas de redes sociais, como o Facebook ou o Reddit, colocam à frente dos nossos olhos toneladas de notícias das mais diversas proveniências. Hoje, na era do “muitos para muitos”, passar informação está ao alcance de uma partilha.
No ano passado, por exemplo, espalhou-se rapidamente o rumor de que a Faceapp, a app que envelhece as nossas caras um bom par de décadas, roubava dados dos nossos telemóveis e os entregava aos russos. Veio depois a saber-se que não é bem assim, mas a fake news já se tinha espalhado.
Porque è que existem fake news?
Como não ser enganado pelas fake news?
Exige alguma prática, mas com o tempo torna-se fácil. Ficam aqui alguns conselhos.
Não te fiques pelo título
Como pudeste ler atrás, muitas vezes os títulos das notícias partilhadas servem apenas para gerar clicks, ou seja, levar mais pessoas a um determinado site. Os títulos podem ser enganadores. Por isso, o melhor que tens a fazer é ler a notícia e seguir alguns dos restantes conselhos.
Avalia quem está a publicar a notícia
Procura informação sobre o site onde a notícia é publicada. Qual é a empresa sua proprietária? Há quantos anos existe? Qual é a sua missão? Quais são os seus objetivos?
Verifica a data de publicação
Às vezes as notícias não são falsas. São apenas antigas. Alguns sites republicam histórias antigas para garantir um número de publicações e acessos aos seus sites. Este tipo de prática pode pôr à tua frente uma história que está desatualizada.
Quem é o autor?
Procura informação sobre o autor da notícia. Existe mesmo? É alguém confiável?
Verifica os links e fontes de informação utilizadas
Muitas vezes as notícias usam links para mostrarem onde foram buscar os dados que estão a noticiar. Clica nesses links e verifica se eles são de entidades credíveis.
Verifica se tem citações ou fotos duvidosas
Quer texto, quer imagem são facilmente verificáveis no Google. Se colares a citação no Google, ele vai listar-te todos os meios de comunicação que a utilizaram. O mesmo acontece com imagens. Se colares uma imagem no campo de pesquisa do Google, ele lista todo os sites em que ela foi utilizada.
Claro que há citações e imagens exclusivas. Mas os meios de comunicação que as publicam são, normalmente, os mais credíveis e reputados.
Verifica se outros meios de comunicação confirmam a notícia
A regra de cruzar fontes também se aplica aqui. Verifica se a notícia é dada por outros meios de comunicação. Se isso acontecer, a probabilidade de ser uma fake news reduz.
É sátira?
Vê se a notícia não foi publicada num site satírico como o Inimigo Público ou o The Onion.
Leva em conta os teus preconceitos
Avalia se os teus preconceitos podem afetar a análise da notícia que estás a ler. Muitas das notícias falsas políticas são partilhadas facilmente porque quem as publica apenas quer amplificar as suas ideias, sem se preocupar se a história é verdadeira ou falsa.
Pensa antes de partilhar
Normalmente, o ato de partilhar uma notícia é imediato. Viste, leste o título, partilhaste. O nosso conselho é que esperes um pouco antes de partilhar. Percorre os 9 passos anteriores e partilha só depois.
No final de tudo isto, o melhor que tens a fazer é confiar em meios de comunicação com elevada reputação - como a tua RFM :)