Hoje em dia, há quem não passe sem uma chávena de café – ou duas ou até três! Existem também aqueles que não apreciam assim tanto a bebida e, por isso, dispensam-na com mais frequência. Mas, para os amantes eternos de café, este é um salva-vidas. E, por acaso, já pensaste como e onde é que ele surgiu e até como conquistou o lugar que hoje tem em todo mundo?
Esta semana, celebrou-se o Dia Mundial do Café, a 14 de abril, e fica aqui a história desta bebida.
Tudo começou na Etiópia, pelo menos, vários estudiosos dizem que é de lá que o café é nativo. Na origem do café, existem vários mitos e lendas associados como, por exemplo, um que remonta ao século XIII. Conta a história que o pastor Kaldi, enquanto passeava o seu rebanho de cabras, estranhou a agitação dos animais ao ingerirem umas cerejas vermelhas de um arbusto silvestre.
Curioso pela reação dos animais, o pastor decidiu também provar o fruto desconhecido e, logo após esta ação, vários monges viram o pastor e as cabras mais agitados do que o habitual. Foi a partir desse momento que as tais “cerejas” começaram a ser fervidas e o líquido que se obtinha daí passou a ser utilizado pelos monges para os manter acordados por muito tempo.
O cultivo comercial do café começou a ser realizado perto do século XV. Começaram a surgir as primeiras casas de café, em Meca, e esta bebida revitalizante acabou por se tornar conhecida por toda a população árabe.
O café passou a ser uma mercadoria muito valiosa e importante para vários povos, pelo que rapidamente chegou até à Europa, através de Veneza e dos comerciantes da Rota das Especiarias.
Foi também em Veneza que abriu o primeiro café público, “Café Florian”, em 1645. Pouco tempo depois, chegou a França, em 1659, tendo assim expandido o seu consumo em grande escala. As “casas de café” tornaram-se então lugares influentes, frequentados por vários artistas, banqueiros, intelectuais, sendo um dos espaços onde se discutia política e vários outros assuntos da sociedade.
No entanto, até o café esteve envolvido em polémica, já que muitos opositores, em Itália, o apelidaram de “invenção amarga de Satanás”. A polémica deu que falar e até o Papa Clemente VIII teve de intervir que, para eliminar a dúvida, provou a bebida e anunciou a sua aprovação para todos os cristãos do mundo.
A aceitação do Papa Clemente VIII foi o motor para o crescimento do café em várias partes do mundo e também das conhecidas “casas” da bebida.
Em Portugal, o café começou a aparecer no século XVIII, a partir de Francisco de Melo Palheta, durante o reinado do rei D. João V. Com esse aparecimento, o nosso país introduziu o café na ex-colónia do Brasil e transformou-o no maior produtor de café mundial. A partir do Brasil, o café foi levado para as ex-colónias Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe. Rapidamente, o café chegou a Angola e Moçambique, que se tornaram também grandes produtores de café.
Depois das primeiras “casas de café” terem surgido, Portugal seguiu o exemplo. No século XVIII, apareceram os primeiros cafés públicos inspirados, sobretudo, nas tertúlias francesas do século XVII. Rapidamente, tornaram-se espaços de animação cultural e artística e foram ainda mais conhecidos quando Júlio Castilho, Almeida Garrett, Alexandre Herculano, entre outros, começaram a frequentá-los, tornando-os autênticas academias de moda e de pensamento.
Muitos anos depois, surgiu a primeira máquina de café expresso do mundo pela mão de Luigi Bezzera, em 1901. O café, que tem atualmente vários sabores, formas e maneiras de se fazer, é um elemento essencial em muitas casas. Em vários momentos de partilha, de conforto e de degustação em família e amigos, o café marca sempre presença.
É a bebida mais multifacetada de sempre, não escolhe estações do ano, é a desculpa ideal para se marcar encontros e é, por vezes, com um café ao lado que tomamos as maiores decisões das nossas vidas. Por isso, no Dia Mundial do Café, celebrado a 14 de abril, desfruta das chávenas que bem te apetecerem!