Este Natal foi certamente mágico e diferente para uma menina de sete anos. Emrie nasceu com uma doença genética rara que a deixou cega quando tinha apenas quatro anos.
Há quem dê por garantido os sentidos com os quais nascemos mas, Emrie teve de aprender a viver esta sua nova realidade muito cedo. Desde essa altura, o pai lia-lhe os livros de Harry Potter todas as noites até que chegou o dia em que Emrie quis ser ela a lê-los.
Rapidamente, a família de Emrie descobriu que os livros da saga de J. K. Rowling, em braille, são muito caros. Mas, houve uma pessoa que não baixou os braços!
"Um único livro de Harry Potter vai de 100 a 400 dólares. Isto é uma pena porque todos deveriam ter acesso a livros!” revelou Kate Suter, a tia de Emrie, a um site de notícias australiano.
A tia de Emrie criou uma angariação de fundos para conseguir reunir o dinheiro suficiente para dar um presente de Natal especial à sobrinha.
O dia chegou e Emrie abriu, finalmente, uma caixa que continha os livros do Harry Potter em braille. A sua reação está a emocionar milhares de pessoas.
“Obrigado, obrigado, obrigado a todos aqueles que doaram e tornaram este Natal extra especial para a minha sobrinha Emrie! Como podem ver, ela está muito entusiasmada por poder ler os livros de Harry Potter por si própria!” escreveu a tia de Emrie, no Instagram.
O braille, que permitiu a Emrie ler os livros que fazem parte da sua infância e que permite a inclusão de tantas outras pessoas, foi criado pelas mãos de Louis Braille, que ficou cego aos três anos.
Ainda muito novo, brincava na loja do pai, em Coupvray, em França, e foi aí que feriu os olhos. Apesar de ter tido os melhores cuidados médicos disponíveis da época, uma infeção muito grave acabou por cegá-lo.
No século XIX, existia já um sistema de leitura para cegos, que permitia passar o dedo sobre letras sobressaídas, só que a aprendizagem era muito lenta e era também muito difícil distinguir as diferentes formas das letras do alfabeto.
Perante as dificuldades que enfrentou, em 1825, Louis Braille, com apenas 16 anos, decidiu simplificar esse mesmo método, que tinha sido introduzido por Charles Barbier.
Assim, conseguiu formar um alfabeto com diferentes combinações de 1 a 6 pontos, dispostos em duas linhas paralelas, em que cada conjunto de linhas representa uma letra. Este método mais simples, mas também complexo o suficiente para suportar todas as letras do alfabeto, recebeu o nome de código de braille, que ajuda diariamente milhares de pessoas cegas do mundo inteiro a ler.
O Dia Mundial do Braille, assinalado a 4 de janeiro, o dia do nascimento de Louis Braille, criador do sistema de leitura e de escrita, enaltece a invenção que veio facilitar a vida das pessoas invisuais e dar-lhes mais qualidade de vida.