Para muitos, o Scrabble dispensa apresentações. É um jogo de tabuleiro que desafia os jogadores a construírem palavras com as letras disponíveis. Se, para muitos, o jogo é diversão garantida, para este ativista, é o centro de um problema.
Um ativista indígena australiano estava a jogar com a família o jogo quando se deparou com palavras racistas no dicionário de soluções. Stephen Hagan, que tem lutado pelos direitos dos povos indígenas australianos, redigiu uma queixa contra o popular jogo Scrabble e apresentou-a à Comissão Australiana de Direitos Humanos.
Nela, lê-se que Stephen Hagan destaca as palavras "Coon", "Boong" e "Abo", utilizadas para identificar depreciativamente povos indígenas, como racistas. Para o ativista indígena, o jogo não pode aceitar estas palavras como soluções possíveis, uma vez que podem “normalizar a linguagem racista e ofensiva.”
"Como é que ensinaria às crianças que gostam do Scrabble que não há problema em usar uma ofensa racial se é isso que é preciso para ganhar um jogo?” explica Stephen Hagan ao site australiano NITV News.
As palavras apontadas como racistas por Stephen Hagan valem, pelo menos, oitos pontos no jogo, e são, para o ativista, “inadmissíveis”, pelo que é urgente retirá-las.
"Quando vi, não podia acreditar que uma grande empresa internacional que ganha milhões de dólares com os seus brinquedos tivesse estas palavras ofensivas no seu jogo mais popular" disse, em entrevista.
Para o ativista indígena, o próximo passo é um pedido formal de desculpas da empresa e 150 mil dólares como compensação de ofensas e humilhações que daí possam surgir.
O jogo Scrabble pertence à marca Mattel Games que, entretanto, já se fez ouvir sobre esta queixa. Um porta-voz da marca revelou que, neste jogo, não há lugar para linguagem ofensiva e racista.