Atriz transexual invade peça de teatro e ator que estava em cena é substituído
A ATRIZ E PERFORMER TRAVESTI KEYLA BRASIL INVADIU O PALCO PARA PROTESTAR E LEVOU A UMA REVIRAVOLTA NO ELENCO. AGORA, O ATOR, QUE ESTAVA EM CENA, FOI SUBSTITUÍDO PELA ATRIZ TRANS MARIA JOÃO VAZ
Esta quinta-feira à noite, quem estava no Teatro S. Luiz, em Lisboa, foi surpreendido com um protesto que levou à interrupção do espetáculo "Tudo Sobre a Minha Mãe". A atriz e performer travesti Keyla Brasil saltou da plateia para o palco para protestar contra o facto de o ator cisgénero André Patrício estar a interpretar o papel de uma mulher trans.
Keyla Brasil gritou várias vezes a palavra "transfake" e exigiu que o ator André Patrício saísse de cena: "Transfake! Desce do palco! Tenha respeito por este lugar", disse, segundo escreve o jornal "Expresso".
Na plateia, estavam outros apoiantes de Keyla Brasil que afixaram cartazes de protesto pelo teatro.
"Como já assumi, tentei fazer um gesto de representatividade que não foi bem acolhido pela comunidade trans", disse o encenador da peça Daniel Gorjão citado pela agência Lusa. Daniel Gorjão mostrou-se “solidário” com “a sua luta pelo acesso ao trabalho e pela representatividade” da comunidade trans, mas discorda da forma "violenta" como o fazem.
O protesto levou, porém, a uma mudança no elenco da peça "Tudo Sobre a Minha Mãe". O ator André Patrício acabou por ser substituído pela atriz trans Maria João Vaz. Ainda assim não saiu da peça, porque ainda interpreta outras personagens, tal como escreve no Instagram.
O ator escreve que percebe a luta de cada pessoa e defende-a até, mas não deixa de criticar este tipo de protestos: "Concordo que uma minoria, agredida e maltratada, assassinada até, deve ser ajudada e apoiada pela sociedade. Sou totalmente a favor da igualdade de oportunidades, de direitos e da inclusão. Seja no trabalho em geral, não só nas artes, seja na sociedade. Não sou a favor da violência nem da invasão de palco".
"Senti-me violentado e castrado na minha arte (...) A forma escolhida de protesto não foi a adequada porque me desrespeita e ao meu empenho enquanto profissional. Que é exactamente o direito pelo qual lutam. Por mais oportunidades e respeito. Fazer-se ouvir é um direito, rasgar é uma agressão."
(Imagens: Reprodução vídeo)