Que todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas vontades, já se sabe há muito tempo. Desde Camões, pelo menos. A mudança é uma constante das nossas vidas, pessoais e profissionais. Afecta-nos a todos e o melhor que temos a fazer é mudar com ela, com o naquela campanha do chá gelado. A alternativa é um día acordarmos e não termos queijo.

Foi para falar sobre mudança que esteve em Lisboa, o conferencista, escritor e consultor Rishad Tobaccolawa. Com mais de quatro décadas de experiência profissional, Tobaccolawa apresentou a sua conferencia “Four Key Shifts Driving The Future” a convite do Publicis Groupe.

Na conferencia, Tobaccowala destacou a importância de se estar preparado para as fortes mudanças que estão actualmente a ocorrer no mundo e que impactam os mais diversos sectores empresariais.

Para melhor entender o que está a revolucionar o mundo, Tobaccowala encontra quatro eixos de mudança: "tecnologia", "poder", "mentalidade", e "barreiras". As mudanças que estão a acontecer a nivel global nestes eixos estão a revolucionar todos os aspectos da sociedade, dos negocios e das marcas.

Rishad Tobaccowala falou sem o apoio de audiovisuais. Começou por confidenciar que é demasiado preguiçoso para fazer apresentações de “powerpoint”. A verdade é que não precisa destes recursos. Domina o uso da palabra. Com um discurso claro, lógico e bem estruturado, apresentou uma palestra de 45 minutos onde explicou como as tecnologias 5G, AI, terapia genética e blockchain interagem umas com as outras, gerando avanços exponenciais. A AI está para ficar e vai evoluir muito. Por isso, disse, o melhor que temos a fazer é integrá-la no trabalho e nas nossas vidas.

Sobre as mudanças de poder, o conferencista notou que estamos a assistir a mudanças de diversa ordem. Por um lado, em termos geográficos, assistimos a uma acelerada alteração de equilíbrio que conhecíamos, com transferências de poder económico e empresarial do norte e do ocidente para o sul e para o oriente. No seu pensamento está o crescimento da China e de outros mercados orientais, como o da India, de onde o Rishad Tobaccowala é originário.

Na opinião do conferencista as mudanças de poder também se verificam ao nível empresarial. “From large companies to companies that are smaller. The most successful companies are the companies with fewer that 300 people”. As mudanças de poder passam também por reorientação do enfoque organizacional da estructura como um todo para o individuo enquanto talento gerador de valor.

Quanto às mundanças de mentalidade, Rashid vê-as como uma consequência da entrada no mercado de trabalho de novas gerações de profissionais e do efeito da Pandemia em todos nós. “Working is important but work is part of life and life is more important”. Para enfatizar o seu ponto de vista, Tobaccowala comparou a mentalidade pós-Pandemia a rolhas de garrafas de champanhe. Depois de sairem, não voltam a entrar na garrafa.

A quarta fonte de mudança resulta das profundas alterações das fronteiras. Não as fronteiras geográficas, mas as que marcam (marcavam) o comportamento dos consumidores. A pergunta se uma determinada acção é “above ou bellow the line” deixou de fazer qualquer sentido. Digital e físico misturam-se. O que leva Tobaccowala a pensar que as a maior parte das empresas estão organizadas de uma forma que não tem se relaciona com a maneira como os consumidores se comportam.

Depois de uma palestra intensa e cativante, o autor de Restoring the Soul of Business: Staying Human in the Age of Data, publicado pela HarperCollins, concluiu afirmando que “change sucks but irrevavance is even worse.”

O evento contou com a apresentação de Roberto Santos-Hernández, COO do Publicis Groupe, e de Patricia Araujo, Head of Strategy and Integration, que abordaram o tema da palestra a luz da própria evolução que a organização está a fazer em Portugal e dos novos projetos em andamento.

Roberto Santos-Hernández afirmou que "é um prazer contar com um palestrante tão inspirador como Rishad num momento em que estamos a viver uma revolução tecnológica que não para, mudanças sociais e de mentalidade que exigem uma compreensão cada vez maior das pessoas, das suas mudanças de vida e circunstâncias".

Já Patrícia Araújo disse que “Na base das tendências e projeções existem duas grandes dimensões, a tecnologia, sempre presente, e as pessoas, as protagonistas de sempre. É na interseção de pessoas e tecnologia que mudanças e transformações acontecem. Como disse Rishad a terminar o seu discurso, o futuro é sempre melhor que o passado e é nesse sentido que caminhamos”.

A RFM esteve na conferencia a convite do Publicis Goupe.