No início deste mês, foi revelado um relatório que colocou o nosso país num pódio onde ninguém queria estar. Mas os tempos que se vivem, as dificuldades pelas quais estamos a passar e a forma como a saúde mental é gerida em Portugal colocam-nos quase em primeiro lugar no ranking dos países mais ansiosos, à frente está Espanha e depois Bélgica.


Isto porque segundo o estudo Substâncias Psicotrópicas - Estatísticas para 2020 e Avaliações Anuais Médicas e Requisitos Científicos para 2022, que faz parte do relatório do Conselho Internacional de Controlo de Narcóticos das Nações Unidas, revelou que Portugal está entre os três países com as maiores taxas de consumo de benzodiazepina, medicamentos usados para tratar a ansiedade, a depressão, a insónia, entre outros.



Com um consumo médio de 80 doses diárias por cada 1000 habitantes, Portugal ocupa o terceiro lugar. Antes, surge a Bélgica com 84 doses diárias e Espanha, em primeiro lugar, com 110 doses diárias por cada 1000 habitantes.


Os psiquiatras Maria Moreno e Gustavo Jesus revelam, à CNN Portugal, que o problema não está no recurso a estes medicamentos, que podem ser "muito úteis", mas sim na dependência que podem causar, "quando são usados por longos períodos de tempo, em doses elevadas ou sem indicação clínica".

"Imagina que morre alguém ou a pessoa perde o emprego. Nestes casos, os níveis de ansiedade sobem, faz sentido a benzodiazepina a curto prazo", explica o psiquiatra Gustavo Jesus.

Ainda assim, os especialistas frisam que estes medicamentos não substituem a psicoterapia, "que é muito importante".