Este é um debate que não terá uma conclusão tão cedo. A participação de atletas transexuais tem vindo a dar que falar, com vários comentários e críticas daqueles que se sentem insatisfeitos por homens e mulheres que trocaram de sexo participarem em provas de desporto.
Aconteceu, há cerca de um ano, com uma atleta norte-americana, que mudou de sexo e que conquistou o primeiro lugar de uma prova feminina de natação.
Desta vez, a polémica estendeu-se ao Canadá, onde uma pugilista transexual iria participar num combate do campeonato provincial de Quebec. Iria, sim, porque a sua oponente, uma pugilista feminina, recusou-se a combater quando soube que iria subir ao ring com uma lutadora transgénero.
Trata-se de Katia Bissonnette, que, ao ser avisada uma hora antes do combate, decidiu desistir.
Em declarações ao site La Presse, a pugilista afirmou: "Se não estivermos em igualdade de condições, posso ter sequelas, acabar no hospital, com uma concussão ou em coma. Temos tantas perguntas que é impossível fazer de outra forma.”
Já em declarações ao site Reduxx, a mesma atleta referiu que "as mulheres não deveriam ter de suportar os riscos físicos e psicológicos decorrentes das decisões de um homem relativamente à sua vida pessoal e à sua identidade", acrescentou ainda que "deveria haver duas categorias: homem e mulher biológicos".
Segundo o site Boxing Canada citado pelo The Mirror, a "identidade de um lutador transgénero não deve ser revelada se a transição tiver sido efetuada antes da puberdade para evitar a discriminação".
Ao que parece, a história da pugilista transexual, Mya Walmsley não é conhecida e, segundo Katia Bissonnette, apenas sabia que a australiana tinha feito "zero combates como mulher" no Canadá.
A desistência de Katia Bissonnette acabou por dar a vitória à oponente, uma vez que não foi possível encontrar outra atleta da mesma categoria de peso.
Apesar de vitoriosa, Mya Walmsley criticou a atitude e afirmou que o melhor teria sido as duas falarem para "chegar a alguma conclusão".
"Este tipo de comportamento coloca as atletas em risco de serem excluídas ou de receberem ataques pessoais baseados em boatos. Receio que este tipo de acusação possa vir a ser utilizado para deslegitimar as atletas da categoria feminina e justificar regulamentos arbitrários e invasivos", afirmou.
Em declarações ao La Presse, a australiana afirmou que não mudou de sexo para se tornar pugilista e que a situação em que se viu envolvida a fez sentir como um "objeto político".
O Comité Olímpico Internacional já tinha decidido que as mulheres transgénero poderiam competir em categorias femininas desde que os seus níveis de testorena reduzissem a um certo valor. No entanto, Mya Walmsley revelou que não teve de testar os seus níveis antes de se inscrever no campeonato.
(Imagens: X)