Quem foi o Santo António?
Santo António, nascido Fernando de Bulhões ou Fernando Martins, em Lisboa, algures entre 1191 e 1195, morreu no dia 13 de junho de 1231 e foi canonizado em tempo recorde, menos de um ano depois, em maio de 1232.
Terá nascido em Lisboa, junto à Sé, na rua das Pedras Negras. E é no lugar da casa, onde se pensa que nasceu, que hoje está a igreja de Santo António. Diz-se que, na cripta desta igreja, está um bocado de um dos ossos do Santo António.
Para além de Santo casamenteiro, de Santo possuidor do dom da ubiquidade, de Santo que ajuda a encontrar objetos perdidos, protetor de crianças e pregador aos peixes, existe ainda a tradição de Santo militar.
Santo António, que morreu em 1231, foi “recrutado”, no século XVII, para assentar praça no regimento de infantaria de Lagos, durante a guerra da Restauração, de 1640 a 1668, e, neste quartel, ainda foi promovido a capitão.
Fernando pertencia a uma família da nobreza e foi educado para ser cavaleiro. Já adolescente, entrou na Ordem dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho, na Igreja de São Vicente de Fora. Mais tarde foi estudar teologia para Coimbra.
Depois, veio a juntar-se aos franciscanos, sob a invocação de Santo António do Deserto, e mudou o nome de Fernando para António.
Morreu perto de Pádua, a 13 de junho de 1231, em Arcella, Itália. O corpo de Santo António está na Igreja Santa Maria Mater Domini, em Pádua.
Porque é que se fazem altares ao Santo António?
Com o terramoto de 1755, a igreja de Santo António, construída no local onde o Santo António nasceu, ficou destruída.
O povo quis voltar a reconstruí-la e passou a pedir-se “um tostãozinho para o Santo António” exatamente para a reedificação da igreja.
Para isso, faziam, pelos bairros da cidade de então, vários altares ao Santo António, homenagenado-o enquanto angariavam fundos para a reconstrução da igreja de Santo António.
A igreja construiu-se e a tradição dos altares, espalhados pelas ruas da cidade, ficou.
O Santo casamenteiro
Era tradição haver em algumas casas portuguesas, nesta altura do ano, figuras do Santo António de cabeça para baixo, com o objetivo de as raparigas encontrarem noivo.
O biógrafo de Santo António, Fernando Nuno, conta a história de uma rapariga que queria casar-se com o vizinho, só que a família não tinha dinheiro para o dote.
Santo António terá dito que devia entregar o assunto nas mãos de Deus. Só que, em segredo, o próprio Santo António conseguiu o dinheiro para o casamento, recolhendo-o a partir dos donativos dados na igreja.
Terá feito chegar o dinheiro anonimamente à noiva. Há, no entanto, várias outras histórias e lendas sobre noivas e noivos que dão ao Santo a designação de Santo Casamenteiro.
Santo António com o menino Jesus, a açucena e o livro
Santo António aparece, nas figuras que o simbolizam, com o menino Jesus ao colo, um livro e um ramo de açucena.
A açucena simboliza a pureza, a transparência, a brancura.
Aparece geralmente um livro na mão esquerda, ora aberto, ora fechado. O livro simboliza a qualidade de apóstolo da Boa Nova.
Certo dia, alguém viu, o Menino Jesus descer do céu até aos braços do Santo. Diz-se que o homem que presenciou este milagre prometeu guardar segredo e assim aconteceu até o Santo António morrer. Depois divulgou-o e passou a constar nas figuras de Santo António.
Santo António é o único doutor da Igreja de origem portuguesa e a qualidade dos seus sermões tornou-o popular.
A cidade de Lisboa festeja o Santo António, mas o Santo Padroeiro da cidade é São Vicente.
De arquinho e balão na mão, manjerico à janela, arraial e marchas na rua e viva o Santo António, que nasceu Fernando.
Tal como manda a tradição, a cidade de Lisboa fica enfeitada, por esta altura e há muitos lisboetas que decoram também as janelas e as varandas e fazem um altar ao Santo António, nas ruas, ruelas e becos nos bairros mais típicos de Lisboa.