Morreu Fausto Bordalo Dias, um dos maiores cantores e compositores da música portuguesa das últimas décadas.

Fausto, era assim que todos o conhecíamos, foi um dos grandes nomes da música popular das últimas décadas. Com o seu brilhante álbum “Por este Rio Acima “, inspirado na peregrinação de Fernão Mendes Pinto, Fausto foi um dos grandes responsáveis do boom da música popular portuguesa, nos anos 80 quando, depois da chegada dos brasileiros da MPB, os portugueses da MPP também começaram a vender discos e encher coliseus.



“Por este Rio Acima”, o seu disco mais marcante, teria depois continuação em mais dois álbuns “Crónicas da Terra Ardente” (1994) e “Em Busca das Montanhas Azuis” (2011).

Em 2007, Fausto participou nos espetáculos "Lado a Lado" de Mafalda Veiga e João Pedro Pais com o apoio da RFM e em 2009 foi um dos protagonistas de “Três Cantos” com José Mário Branco e Sérgio Godinho, espetáculo que ficaria também registado em disco.



Apesar de ser mais conhecido pelos seus temas de música popular, a carreira de Fausto na música começou nos grupos de “ié ié” dos anos 60.


Nascido a caminho de Angola, em 26 de novembro de 1948, segundo a sua mãe, em pleno oceano Atlântico, a bordo do navio “Pátria”, Fausto cresceu entre os ritmos africanos que conjugaria mais tarde com ritmos da tradição popular portuguesa. Os seus primeiros grupos, no entanto, seriam bandas pop, os grupo “ié ié” Os Rebeldes e os Zorbas.

De regresso a Lisboa, em 1968, Fausto entrou para o antigo Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina da Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Ciências Sociopolíticas. Foi aí que, no movimento associativo, se tornou amigo e companheiro de estrada de compositores como José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, José Mário Branco e Luís Cília. Em 1974, foi um dos fundadores do Grupo de Ação Cultural.

O seu primeiro disco “Chora, amigo chora", foi lançado em 1969 e receberia o “Prémio Revelação” do programa “Página Um”, da Rádio Renascença.

Nos anos seguintes Fausto lançou álbuns marcantes para a história da música portuguesa como "Pró que Der e Vier" (1974), "Beco sem Saída" (1975) "Madrugada dos Trapeiros" (1977), que inclui "Rosalinda", um tema já com preocupações ecológicas e "Histórias de Viageiros" (1979), que é uma espécie de ensaio para o magnifico “Por Este Rio Acima" (1982), talvez a sua maior obra.




“Por Este Rio Acima” foi um sucesso de vendas e de rádio, especialmente graças a temas como “O Barco Vai de Saída”, “A Guerra é a Guerra” ou “Navegar, Navegar” e inspirou gerações de músicos e grupos como os Trovante.

Além da música e de uma lindíssima capa, o duplo vinil (depois um dos primeiros álbuns a ter edição em cd) incluía um libreto com as letras, ilustrações de época e os trechos da “Peregrinação” que haviam inspirado cada canção. Em 2009, “Por Este Rio Acima” foi considerado o 4.º melhor álbum da década de 1980 pela revista Blitz.



Depois de “Por este Rio Acima” que levou Fausto aos grandes palcos de todo o país, o músico voltou aos discos com "O Despertar dos Alquimistas" (1985), “Para Além das Cordilheiras" (1989) que inclui o single “Foi por ela”, "A Preto e Branco" (1988),“Crónicas da terra ardente” (1994), ” A Ópera Mágica do Cantor Maldito” (2003), “Em Busca das Montanhas Azuis” (2011)

Fausto morreu dia 1 de julho aos 75 anos, em sua casa, vítima de doença prolongada," mas a sua música ficará para sempre.