Que Portugal está na moda já não é uma novidade. O excesso de turismo nas grandes cidades, que não apenas Lisboa, é a prova disso. Neste momento, a qualquer cidade que vás ouves outros idiomas para além do português.


E se, por um lado, isso traz muitas vantagens, por outro, também tem o reverso da moeda. O excesso de turismo tem deixado um rasto de caos em vários sítios, como a Lagoa da Esturranha, em Viana do Castelo.


Antes de ter tornado um fenómeno no TikTok, a Lagoa da Esturranha, em Viana do Castelo, era um refúgio natural de tranquilidade, escondida na frescura do rio Âncora. Com as suas águas de um azul-turquesa deslumbrante e a serenidade de um cenário quase virgem, esta pequena joia natural era conhecida apenas por alguns moradores locais e aventureiros mais curiosos.


No entanto, o segredo não se manteve guardado por muito tempo. Um vídeo no TikTok, que acumulou quase dois milhões de visualizações, transformou a lagoa num fenómeno de popularidade e, infelizmente, num exemplo claro dos desafios do excesso de turismo.



O impacto é, agora, visível. A lagoa passou de um recanto pacífico a um ponto de romaria, atraindo veraneantes de todos os cantos do país. Mas o aumento súbito de visitantes trouxe consigo uma série de problemas que têm causado grande preocupação entre os moradores da zona e as autoridades locais. O estacionamento caótico ao longo da Estrada Nacional 305 é agora um problema constante, com carros a ocupar faixas de rodagem, colocando em risco a segurança dos que por ali circulam.

Além disso, a entrada da lagoa, antes preservada e limpa, transformou-se num depósito de lixo. Os turistas, sem alternativas de recolha de resíduos, deixam para trás garrafas, embalagens e outros detritos, poluindo o ambiente e desrespeitando a beleza natural do local.


A situação chegou a tal ponto que, segundo o jornal O Minho, o presidente da Junta de Freguesia de Freixieiro de Soutelo, onde a lagoa se localiza, já pondera vedar o acesso ao público. Ele explica ao mesmo jornal que os terrenos em torno da lagoa são privados, pertencendo a comissões de baldios e particulares, e que a área não foi concebida para suportar o tipo de atividade a que tem sido sujeita. "É uma zona bonita? É. É uma zona interessante? É. Mas estão a ocupar um espaço privado", sublinha o autarca.

A possibilidade de fechar a lagoa ao público é, sem dúvida, uma medida drástica, mas que reflete a gravidade da situação. Este caso da Lagoa da Esturranha é mais um exemplo dos efeitos inesperados e indesejados que a viralização nas redes sociais pode ter sobre locais de beleza natural.


(Imagens: TikTok)