Menorca é uma ilha espanhola no mar mediterrâneo. É muito bonita, tem água quente com uma coloração azul turquesa e tem boa comida.

Os autóctones, chamemos-lhes menorquinos, até porque acho que é assim que se chamam, são um pouco mais livres, em termos de vestuário, e menos púdicos do que os portugueses.

Por exemplo, fazem muito topless.

E eu acho que sou uma pessoa evoluída, sou um homem respeitador.

Mas se há alguém a fazer topless ao meu lado, peço desculpa, mas eu olho.

Eu nem quero, mas é quase como se uma criança de 14 anos acordasse em mim, e a curiosidade ganha.

“Ahhhh está ali peito desnudo! Estão ali maminhas!” (parece que tenho buço e acne pré-adolescente)

Tenho vergonha de admitir que este evento acaba por reger um bocado a minha vida na praia. Posiciono-me para poder ver melhor, vou à água mais vezes só para me levantar e espreitar. E às vezes nem é preciso ser uma senhora, se for um gordinho “tetudo”, para mim já está a valer.

Em defesa de Menorca, faça-se justiça, aquilo não é só topless. É também nudismo. Em Menorca, o nudismo é desporto rei.

Mas, para mim, estar a chegar de carro à praia e estar um senhor de boné, óculos escuros, um guarda sol e um saco de praia, mas depois nu… é estranho.

Eu sei que é cultural, mas estive a fazer um exercício de racionalização para pensar porque é que me é tão estranho e concluí que é o “estar nu”, mas ter acessórios. É que uma pessoa nua, pronto, está nua.

Uma pessoa nua com acessórios parece só que se esqueceu de vestir qualquer coisa.

“ohhh então não é que saí de casa com a salada ao vento, devo ter-me esquecido de qualquer coisa”. Só percebe porque está fresquinho.

É que até está mais frágil. De alguma forma, uma pessoa está mais nua quando não está totalmente nua. Não se sentem mais nus quando estão todos nus e de meias, do que quando estão todos nus?

Há ali uma fragilidade.

Dito isto, aplaudo a liberdade.

E ver pessoas despidas de preconceitos, e mesmo despidas, é bonito.

Vivem a praia com liberdade e fazem mais do que eu, que estou apenas sentado na toalha.

Jogam raquetes, fazem buracos, fazem snorkeling (sNUrkeling, vá) eles é que sabem viver.

Ao fim do terceiro dia, já me estava a acostumar. Até dei por mim a pensar, “Se calhar isto é habituação”, e até ponderei em juntar-me, mas a minha mulher meteu-me na ordem.

Talvez um dia.



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