Vamos lá dizer isto, sem medos!

Um mundo sem mulheres seria um mundo sem graça nenhuma! Nem conseguimos imaginar, certo?

Quem falaria pelos cotovelos? Quem faria 53 coisas ao mesmo tempo e todas extremamente bem feitas?

Quem estaria atenta ao professor e à conversa dos colegas do lado, em simultâneo, com igual nível de concentração?

Quem identificaria onde estão as calças do marido e o brinquedo do filho, a qualquer hora do dia, pelo telefone?

E claro, quem poria todos os outros seres no mundo?

São - como é fácil de se ver - seres capazes de grandes proezas!

Hábeis, eficientes, competentes, ágeis, rápidas, criativas, as mulheres são responsáveis por grandes invenções do nosso mundo.

Devemos-lhes criações importantes como o Wi-Fi ou a cerveja, por exemplo!

Pese embora seja o seu humor por vezes ligeiramente desnivelado – lá está... têm os seus momentos – as mulheres são seres humanos incríveis e estão sempre a inventar.

Foi a capacidade visionária, a inteligência e a criatividade de muitas delas que forneceram a todos nós comodidades, objetos e cálculos sem os quais já teríamos dificuldade em viver.

Aqui ficam algumas invenções e criações de um punhado de mulheres que mudaram o nosso mundo.


Filtro do café

Nasceu em Dresden, na Alemanha, em 1873 e ficou conhecida como a inventora do filtro de café em papel para acabar com os resíduos que o pó de café deixava.

Os filtros, na altura, eram de pano, em linho, difíceis e cansativos de lavar.

Foi então que Melitta Benz resolveu, então, fazer furos no fundo de uma caneca de latão e colocou, por dentro, o papel-borrão da escola, que pertencia a um dos seus filhos.

Estava a inventar o primeiro filtro de café em papel e o recipiente em funil que, ainda hoje, se usam nas máquinas de café de saco.

Depois, Melitta Benz fundou uma empresa que sobreviveu, com dificuldade, a duas guerras mundiais e está, hoje, nas mãos de dois bisnetos seus, com cerca de 3 mil empregados e várias filiais, em todo o mundo!

Grande empresária Melitta!



Seringa

Ninguém gosta e todos lhe fogem com quantas forças têm. Certo é que sem esta invenção, a prevenção de epidemias e o tratamento de doenças não seriam a nossa realidade.

Foi uma mulher que, em 1899, criou a seringa médica que podia ser manuseada com apenas uma mão.

Chamou-se Letitia Mumford Geer e era americana. As seringas dos dias de hoje são inspiradas no modelo desenvolvido e patenteado por Geer.

Graças a Letita, levamos injeções e vacinas e recolhemos sangue com facilidade e quase sem... enfim... grande dor.



Fraldas descartáveis

Que suplício passaram todas as mães, durante séculos, ao usarem fraldas de pano com alfinete de dama, nos seus bebés!

É até provável que tentassem que os seus filhos largassem as fraldas o mais cedo possível.

Em 1917, a americana Marion Donovan criou uma capa de tecido impermeável que não provocava assaduras e mantinha o bebé seco que anexou às fraldas.

Este modelo estava ainda longe das espetaculares fraldas de hoje, mas foi a sua invenção que permitiu ser tão fácil, higiénico e confortável mudar de fralda, mais tarde e até hoje, para bebés, mães, pais, educadoras e auxiliares.

Marion recebeu a patente da fralda apenas em 1951 e só em 1961 é que a fralda descartável se aproximou finalmente daquelas que conhecemos hoje.

Obrigada Marion! Foste incrível!



Limpa pára-brisas

Aquilo que hoje se aciona através de um simples toque num manípulo ou até começa automaticamente a funcionar mal caem uns pingos de chuva foi, nos primórdios, uma alavanca manual operada a partir do interior do veículo. Uff!!

Antes disto, andava-se de carro a levar com a chuva e com a neve em cima, sem qualquer tipo de visibilidade. Um perigo!

E quem é que inventou o limpa pára-brisas para os carros? Uma mulher!

Foi, em 1902, que a americana Mary Anderson, uma empresária da construção civil, durante um passeio de elétrico, em Nova Iorque, reparou que o condutor parou várias vezes para tirar a neve que se ia juntando no vidro da frente.

Ficou a matutar na situação e criou, então, uma tira de borracha presa a um braço de metal movido por uma haste para remover chuva e neve. Apareceu, assim, no mundo, o primeiro limpa pára-brisas.

Em 1903, Mary conquistou a patente da sua criação.

Henry Ford adotou a invenção e incorporou-a nos carros que produzia. Daí a oito anos, todos os veículos, nos Estados Unidos, saíam das fábricas já equipados com limpa pára-brisas.

Mary, que contributo para a segurança dos automobilistas do mundo inteiro!



Linguagem de computador

Foi também uma mulher que criou a linguagem de computador que veio a dar origem ao COBOL (Common Business Oriented Language).

Grace Murray Hopper foi analista de sistemas e Almirante da Marinha dos Estados Unidos, entre 1940 e 1950.

A linguagem de programação que Grace criou chamou-se Flow-Matic e está, hoje, extinta, mas serviu de base à criação do COBOL e constituiu, naquele tempo, um passo enorme no domínio da programação.

Foi também esta senhora quem terá usado, pela primeira vez, a expressão "bug" para designar uma falha num sistema de computador.

Isto porque se diz que Grace, certo dia, ao tentar descobrir que problema tinha o seu computador, que não funcionava, detetou um inseto morto dentro do computador.

Grace Murray Hopper nasceu em Nova Iorque e era a mais velha de três irmãos.

Esta criança curiosa resolveu, aos sete anos, descobrir como funcionava um despertador e acabou por desmontar uma série deles até que a mãe descobriu e a obrigou a "trabalhar" em apenas um despertador lá de casa.

Grande Grace!



Frigorífico

Foram séculos e séculos a conservar os alimentos em salga, em vinho, em gordura ou através da seca.

Foram séculos e séculos a ingerir comida estragada, azeda e deteriorada. E foram, também por isto, séculos e séculos a "descobrir" comidas e sabores novos!

Afinal, a carne temperada em vinha d’alhos vem justamente da conservação da carne em vinho. Muitos pratos em vinagrete têm igual origem.

O bacalhau salgado provém também da necessidade de o salgar para o preservar, tal como os queijos resultam de leite "estragado" ou "envelhecido", simplificando aqui um bocadinho o complexo processo da queijaria, naturalmente.

Tudo isto se fez até se perceber que a neve, depois chamada gelo, conservava os alimentos.

Também durante séculos se "fabricou neve", nas serras e nas montanhas dos vários países que, depois, se transportava, envolta em palha, até às cidades para acondicionar e conservar os alimentos na dita neve.

Posto tudo isto, foi uma mulher, Florence Parpart que, em 1914, inventou o frigorífico moderno que, totalmente diferente dos nossos atuais, é a base do conceito de "frigorífico".

A sua invenção veio substituir as ditas caixas de gelo. Florence criou uma forma de manter o gelo dentro desta nova "máquina" através de gás.

Agora, sempre que fores buscar a tua bebida favorita ao frigorífico podes agradecer a Florence Parpart!



Wi-Fi

Considerada a mulher mais bonita da Europa, na década de 1930, atriz de Hollywood e aquela que inspirou Walt Disney a desenhar a Branca de Neve, Hedy Lamarr nasceu em Viena, Áustria, em 1914, com o nome Hedwig Eva Maria Kiesler.

Foi, nada mais nada menos, a mulher que criou o sistema de comunicações que está na base da atual tecnologia de comunicação, usada nas conexões dos telemóveis e do Wi-Fi.

Hedy criou este sistema em conjunto com George Antheil, pianista e compositor. E a ideia surgiu justamente em frente a um piano, quando Hedy e George tocavam em dueto, repetindo um deles a nota que o outro tocava, mas numa outra escala de notas!

Esta invenção deu-se exatamente durante a segunda guerra mundial.

Hedy Lamarr é considerada a "mãe do telefone móvel" e todo este conceito, que desenvolveu com o pianista, ter-lhe-á ocorrido primeiro quando, casada com um fabricante de armas alemão, percebeu, em plena guerra, como era possível bloquear o sinal contínuo usado para o controlo de mísseis.

Conseguiu fugir do país por volta de 1937 e acabou por chegar aos Estados Unidos mas só bem mais tarde, em 1953, é que se naturalizou norte-americana.

Em 1941, Hedy e o pianista George levaram a sua ideia ao Departamento de Guerra norte-americano que o recusou por ser difícil de concretizar.

Esta versão da sua invenção consistia na troca de 88 frequências e era feito para despistar radares.

Um ano mais tarde, em 1942, a criação foi patenteada e só em 1962 é que todo este projeto se concretizou num aparelho que passou a ser usado pelas tropas norte-americanas.

Parabéns a Hedy Lamarr que, bonita e inteligente, inventou com George Antheil "aquilo" que está na base, entre outras tecnologias, do Wi-Fi e dos telefones móveis.



Monopólio

Elizabeth Magie Phillips nasceu em 1866, no Illinois.

Conhecida por Lizzie Magie, tornou-se, a dada altura da sua vida, numa ativista do movimento "single tax", encabeçado por Henry George, um economista que defendia que um imposto único podia atenuar a desigualdade de rendimentos e as crises económicas que surgem com o progresso económico.

Então, Lizzie Magie inventou um jogo para poder explicar esta doutrina de Henry George às classes trabalhadoras com menos instrução.

Surgiu, assim, da sua criatividade, em 1904, o jogo "Landlord’s Game" (o jogo dos proprietários) para mostrar as injustiças que aquele grupo de ativistas considerava que o capitalismo provoca.

O "jogo do proprietário" de Elizabeth Magie foi o antecessor do famoso jogo Monopólio, que tantas famílias e amigos já entreteve em tardes e serões.



Cerveja

Conta-se que foram os frades, durante as fases de jejum, que deixavam fermentar os cereais, bebendo o "sumo" resultante da fermentação, alimentando-se assim sem ter de comer sólidos.
Também sempre ouvimos dizer que, por esta mesma razão, a cerveja foi "criada" inadvertidamente.
Há também quem defenda que a cerveja terá sido "criada" em tentativas de fazer pão a partir de cereais, há talvez cerca de 10 mil anos.

Só que a historiadora da cerveja – sim, tudo se estuda, até a cerveja - Jane Peyton afirma que, na Mesopotâmia, as mulheres produziam e vendiam cerveja. E também a bebiam!

Primeiro que tudo: a Mesopotâmia, ou antiga Mesopotâmia, corresponde maioritariamente ao território que é hoje o Iraque, apanhando um pouco do Irão, da Síria e da Turquia.

As mulheres da Mesopotâmia foram, segundo Peyton, as "inventoras" da cerveja que, durante séculos, como sabemos, se bebia à temperatura natural.

Defende ainda esta historiadora que as receitas de cerveja, para além de criadas por estas mulheres, foram aperfeiçoadas e melhoradas por gerações femininas até se chegar às várias versões atuais.

Da próxima vez que pedires uma "imperial" ou um "fino" lembra-te que foram muitas mulheres anónimas que, ao longo dos tempos, trabalharam na bebida loura e fresca.



(Imagens: Wikimedia Commons)