Na televisão, nos espetáculos e festivais, nas conferências de imprensa institucionais e em tantas outras situações e eventos, existem pessoas que falam para uma comunidade que não ouve, mas que lê através dos gestos. São intérpretes de língua gestual e traduzem aquilo que é dito a quem não os consegue ouvir.

A RFM, juntamente com o Grupo Ageas Portugal, a Fundação Ageas, Access Lab, muitos artistas e vários outros agentes do mundo da cultura, está numa emissão de 28 horas, ao vivo e em direto - RFM sem olhar a quem - a partir dos jardins do Campo Pequeno, nods dias 16 e 27 de setembro, para sensibilizar todos e todas para o direito ao acesso à cultura das pessoas com deficiência, neurodivergentes e surdos.



Ao contrário do que muitos pensam, a língua gestual não é universal. E a que é usada em Portugal, por exemplo, foi importada há muitos anos da Suécia.


A Língua Gestual Portuguesa nasceu na primeira escola de surdos, existente na Casa Pia de Lisboa, em 1823, tendo tido como primeiro educador um sueco que trouxe o alfabeto manual.

Este apenas é utilizado quando existe a necessidade de se dizer o nome próprio de alguém, o nome de uma localidade ou uma palavra que não se conhece, pois, regra geral, na comunicação, os surdos não sentem grande necessidade de recorrer ao alfabeto manual, uma vez que os conceitos têm todos gestos correspondentes.

Ainda que o vocabulário da Língua Gestual Portuguesa e da Língua Gestual Sueca seja diferente, o alfabeto das duas línguas revela a sua origem comum.

Aprender língua gestual é como aprender uma língua nova. Cada país tem a sua, e evolui à medida do tempo. Em Portugal, como noutros países, nota-se ainda a existência de diversos regionalismos. Há em todo o mundo diversas línguas gestuais: a ASL (American Sign Language), a BSL (British Sign Language), a LIBRAS (Língua de sinais Brasileira), entre outras. E nenhuma delas nasce da língua oral do seu país, mas antes da história da comunidade surda que a utiliza.


A língua gestual é a língua da inclusão, da proximidade e do amor. Quebrou barreiras na comunicação e permitiu dar palco e expressão a uma comunidade que, ainda hoje, enfrenta, todos os dias, vários obstáculos. Existe o Dia Nacional do Intérprete da Língua Gestual Portuguesa, assinalado a 22 de janeiro, que foi criado, em 1991, quando foi fundada, em Lisboa, a primeira Associação de Intérpretes de Língua Gestual Portuguesa (AILGP).