"Ainda acreditas no pai Natal...?" Está mais do que provado de que é um mito. No entanto, a figura do pai Natal é inspirada num homem: Nicolau. Mais tarde, tornou-se São Nicolau e tem o seu dia a 6 de dezembro.
Vamos saber como é que um Santo deu origem ao homem de barbas brancas, vestido de encarnado, de saco de brinquedos às costas!
Em Myra, na Turquia, hoje a cidade de Demre, viveu, no século IV, um homem chamado Nicolau que passou parte da sua vida a ajudar os outros, em particular as crianças pobres. Morreu a 6 de dezembro de 345, mas a tradição do São Nicolau ficou.
E foi exatamente a dimensão da caridade que alimentou o culto a São Nicolau e que acabou por inspirar a figura do pai Natal, ou seja, o mito do pai Natal, que uma campanha da Coca-Cola, nos anos 30 do século XX, vestiu de encarnado.
Como é que um devoto cristão do século IV inspirou o mito que é a figura do pai Natal, em finais do século XIX?
São Nicolau
Nicolau nasceu por volta do ano 260 na cidade de Patara, hoje na Turquia, tornou-se bispo de Myra, atualmente, Demre também no mesmo país, onde morreu a 6 de dezembro de 343, dia em que o Santo é assinalado no calendário cristão.
Primeiro muito venerado no mundo oriental, São Nicolau passou depois também a sê-lo na Europa, na Idade Média, sobretudo na Europa do Norte, países onde os presentes passaram a estar ligados à celebração deste Santo, a 6 de dezembro.
Ainda hoje, existe a tradição de oferecer chocolates às crianças, na manhã de 6 de dezembro, colocados junto das janelas ou das lareiras, onde na véspera põem um sapato ou uma meia.
Sinterklaas - Santa Claus
A ligação de São Nicolau às tradições de Natal nasceu fora da Europa católica.
Mais uma vez, nos países nórdicos, sobretudo, na Holanda, onde se começou a festejar o Sinterklaas, há vários séculos, que vem depois a dar origem ao norte-americano Santa Claus, tradição esta levada pelos colonos holandeses para o Novo Continente, a América, onde se instalaram e fundaram a cidade de New Amsterdam, hoje Nova Iorque.
Santa Claus e a Coca-Cola
Já nos Estados Unidos, como Santa Claus, no século XIX, a divulgação do mito é grande e rápida e as grandes lojas passam a comercializar a figura no Natal até que nos anos 30 do século XX, surge o pai Natal da Coca-Cola.
O publicitário Haddon Sundblom inspirou-se no poema de Clement Moore “Uma visita de São Nicolau” para criar a figura que todos conhecemos: um homem de barbas brancas, vestido de encarnado, com a gargalhada singular ho-ho-ho, generoso, de saco às costas para distribuir presentes pelas crianças de todo o mundo, voando num trenó puxado a renas.
Pai Natal em Portugal
Em Portugal e na Europa católica, mais a sul, as tradições do Natal estiveram sempre mais ligadas ao nascimento de Jesus e ao presépio. Ainda assim, há igrejas e capelas, em Portugal, devotas a São Nicolau, e há também, em Guimarães, as festas nicolinas que remontam ao século XVII.
Certo é que a figura do pai Natal não teve grande expressão em Portugal até ao século XX, embora o marido da nossa rainha D. Maria II, o católico D. Fernando, vindo de Coburg, na Baviera, tenha trazido consigo, entre outros costumes, a tradição alemã do São Nicolau e da distribuição de presentes às crianças.
Ele próprio se vestia com um fato verde e branco, de São Nicolau, com sacos pendurados aos ombros repartindo os brinquedos pelos filhos e pelas outras crianças do palácio. Depois o próprio D. Fernando pintava, em gravuras, as noites de Natal e representava-se a si próprio a aos filhos, nas ilustrações.
São Nicolau é o patrono das crianças, dos marinheiros e dos estudantes e é também o Santo padroeiro de Rússia, da Grécia e da Noruega e ainda o patrono das cidades de Moscovo e de Amesterdão.
O pai Natal é um mito, mas o Santo que o inspirou, São Nicolau, não é!