Chorar ainda é uma questão sensível, ou não fossem as pessoas mais emotivas apelidadas de “pessoas sensíveis”. Há ainda muita coisa para descobrir sobre o choro, e outras tantas para desmistificar. Será o choro uma questão de género? Ou seja, há algo no ADN das mulheres que as façam chorar mais do que os homens? As mulheres choram efetivamente mais do que os homens?
As perguntas estendem-se e as respostas foram dadas por alguns especialistas. Ad Vingerhoets, psicólogo clínico, tem dedicado parte da sua carreira ao estudo das emoções e diz que o estereótipo de as mulheres chorarem mais do que os homens é verdadeiro. Segundo o especialista, as mulheres choram de 30 a 64 vezes por ano, enquanto os homens choram apenas de 6 a 17 vezes por ano.
Uma das razões apontadas por Vingerhoets para esta diferença é a condição social do homem e da mulher – que é também diferente. A ideia que se tem vindo a criar do homem, na sociedade, não abre muito espaço a lágrimas.
Por outro lado, Vingerhoets vai mais longe e sugere que também possam haver diferenças biológicas entre o homem e a mulher que façam com que o sexo feminino seja mais propenso a verter lágrimas.
O professor Geoffrey Goodfellow, da Universidade de Optometria do Illinois, em Chicago, explica que vários estudos realizados ao longo dos anos sugerem que os canais lacrimais dos homens são maiores do que o das mulheres, o que os torna menos propensos a transbordar lágrimas.
As hormonas também têm um papel muito importante no que toca ao choro. Vingerhoets cita um estudo feito em 1980, pelo bioquímico William H. Frey, que descobriu nas lágrimas a presença de prolactina, uma hormona produzida pela hipófise e que está associada à emoção. E estudos recentes concluem que as mulheres têm níveis de prolactina mais elevados do que os homens.
Antes da puberdade, os níveis de prolactina são os mesmos em ambos os sexos, e estudos descobriram que o nível de choro em rapazes e raparigas é muito mais semelhante nesta fase.
Este fator pode ajudar e muito a explicar a diferença entre homens e mulheres, no que ao choro diz respeito.
Há vários fatores que influenciam o momento do choro. E isto muda de pessoa para pessoa, tendo em conta a sua realidade, experiência e história. O mais importante é libertarmo-nos da ideia, que continua muito presente, que chorar está associado a fragilidade.