Marco Paulo, o "Rei dos Discos de Ouro", nunca será esquecido!
50 anos de carreira, milhões de álbuns vendidos e mais de sessenta discos de ouro e platina! Marco Paulo ficará para sempre na história da música portuguesa!
Maravilhoso coração, maravilhoso
Meu companheiro nos caminhos desta vida
Ambos sofremos muitas horas de tristeza
Mas partilhámos os momentos de alegria
("Maravilhoso Coração" - Marco Paulo)
Ele foi o primeiro grande "Rei do Disco", com o maior currículo de discos de ouro, platina, dupla platina e até diamante.
Nesses dourados anos 1980, trabalhei na sua editora, a Emi-Valentim de Carvalho com as pessoas que o transformaram numa estrela e o ajudaram a chegar aos tops de vendas, como o produtor Mário Martins, o editor David Ferreira e a promotora Paula Freitas que conseguia que os seus discos tocassem na rádio, e que as televisões e revistas, (antes da era das redes sociais) o mantivessem perto dos seus milhares de fãs!
Ficarão para a história as festas de lançamento dos seus grandes sucessos “Morena Morenita”, “Joana”, "Maravilhoso Coração" – (verdadeiros arraiais de verão) na altura os eventos mais concorridos do show business português, em que músicos e jornalistas, fãs ou não de Marco Paulo, se divertiam, cantavam e dançavam as suas músicas.
Jamais esquecerei que, em 1991, na festa dos seus 25 anos de carreira, em sua casa, num bailarico improvisado, dancei com Tim dos Xutos e Pontapés as músicas de Marco Paulo!
Marco Paulo era uma força da natureza, um verdadeiro e carismático artista e uma das melhores vozes de sempre da música portuguesa!
Tinha um enorme respeito pelas suas fãs e acreditava no que cantava. Por isso é que as músicas que interpretou (boas ou más) ficarão para sempre connosco!
A minha preferida, e a sua melhor interpretação de sempre, é, sem dúvida o seu primeiro grande sucesso - "Ninguém, ninguém"
Viva Marco Paulo!
João Simão da Silva, era esse o seu verdadeiro nome, nasceu a 21 de janeiro de 1945, em Mourão, no Alentejo.
Estreou-se depois nas festas de Alenquer a cantar a "Campanera" de Joselito, um pequeno cantor espanhol famoso na altura. Foi aí que, aos 14 anos, entrou para o rancho folclórico. Em 1963, já a viver no Barreiro, começou a ter aulas de canto com Corina Freire e foi descoberto pela cantora Cidália Meireles, que o levou ao seu programa de televisão de grande sucesso, "Tu Cá, Tu Lá".
Pouco depois, já com o nome de Marco Paulo, participou no Festival da Canção da Figueira da Foz, ficou em terceiro lugar com a música "Vida, Alma e coração" e foi convidado por Mário Martins, produtor da Valentim de Carvalho a gravar um disco. Mário seria o grande responsável pelos maiores sucessos de Marco Paulo nas décadas seguintes.
Editado em 1966, o primeiro EP de Marco Paulo incluía os temas "Não Sei", "Estive Enamorado", "O Mal às Vezes é Um Bem" e "Vê".
Em 1967 o cantor participou no Festival RTP da Canção com "Sou Tão Feliz" de António Sousa Freitas e Nóbrega e Sousa.
Na década de 60, Marco Paulo cantou ainda com as duas grandes estrelas femininas da altura - Madalena Iglesias e Simone de Oliveira - com quem gravou "Tu e Só Tu", uma versão em português de "Somethin' Stupid" celebrizado por Frank e Nancy Sinatra.
Apesar de ter sido, entretanto, chamado para a tropa, destacado para a Guiné Bissau como escriturário, Marco Paulo aproveitou as suas férias no continente para continuar a gravar com Mário Martins, vários EP's e um álbum.
Em 1970, com músicos do Quarteto 1111, Marco gravou versões de temas do Eurofestival desse ano como "Gwendoline" e a versão portuguesa do tema que deu a vitória à Irlanda: “All Kinds of everything” "Todas As Coisas Me Falam De Ti" .
Em 1972 ficou em quarto lugar no concurso "Rei da Rádio" mas o seu reinado ainda estava a uns anos de começar!
Foi já no final da década de 70 que Marco Paulo lançou aquele que seria o seu primeiro disco de ouro!
O single “Canção Proibida"/"Ninguém, Ninguém" atingiu vendas de mais de 85 mil cópias!
Um ano depois, de volta aos discos, recebeu mais um disco de ouro pelas vendas de "Mulher Sentimental".
Em dois anos, o músico conseguiu dois galardões de ouro e três de prata, mas a procissão ainda ia no adro!
O seu maior sucesso chegaria em 1980 com o single "Eu Tenho Dois Amores" que lhe valeria 195 mil discos vendidos (três discos de ouro e um de prata).
Considerado o “Rei do Disco” no início da década de 80, Marco Paulo continuava a acumular prata, ouro e platina com os singles “ Mais e Mais Amor” em 1981 (um disco de prata e dois de ouro por 130 mil cópias vendidas), “Anita” (disco de ouro) e com a coletânea "O Disco de Ouro" que atingiu vendas de 140 mil discos (quatro discos de ouro).
Até ao final dos anos 80, Marco Paulo continuou a dominar os tops de vendas nacionais, com os singles "Flor Sem Nome" de 1983, “Morena Morenita", de 1984 , com duas compilações de “Grandes Êxitos" e com o álbum "Romance", que incluía hits como "Deixa Viver", "Nasci Para Cantar" e "Só Falei Para Dizer Que Te Amo" (a mítica versão de "I Just called" de Stevie Wonder)
Outro dos seus grandes sucessos chegaria em 1988. Lançado, como quase todos os seus singles, no verão, "Joana" valeu ao cantor quatro platinas, graças aos 145 mil singles vendidos.
Ainda nesse ano "Sempre Que Brilha O Sol”, alcançaria também quatro discos de ouro.
Nos anos 90, o sucesso de Marco Paulo continuou com canções como "Taras e Manias" que, em 1991, lhe valeu cinco discos de platina (160 mil discos vendidos), e a coletânea "Maravilhoso Coração" cujas vendas de 175 mil discos lhe trouxeram dois discos de prata, três de ouro, dois de platina e um Troféu de Diamante.
Em 1994, Marco Paulo estreou-se na televisão, com o programa "Eu Tenho Dois Amores” na RTP, estação onde regressaria, em 1996, com "Música no Coração".
1996 seria, no entanto, um ano triste para o cantor que, em junho, teve de ser operado ao cólon, para remover um tumor.
Segundo as Selecções do Reader's Digest, até ao final do ano de 1996, Marco Paulo tinha vendido mais de 3,5 milhões de álbuns e obtido cerca de sessenta discos de ouro e platina.
Nas décadas seguintes, a sua carreira continuaria noutras editoras, com mais discos, mas nunca com o mesmo brilho dos anos 80 e 90
Recordista de vendas numa época em que a música que fazia não chegava às grandes salas de espetáculos, só em 2016, com a Tour “50 Anos” que assinalava os seus 50 anos de carreira (1966–2016), é que Marco Paulo realizou, com enorme sucesso, os seus primeiros concertos nos Coliseus de Lisboa e do Porto.
Nesse ano o músico venceu também o” Prémio Mérito e Excelência” nos Globos de Ouro da SIC.
Foi, anos mais tarde, na SIC que, a 5 de junho de 2021, o músico se estreou, ao lado de Ana Marques, no programa de televisão semanal de entrevistas “Alô Marco Paulo”, em que recebeu a visita da equipa do Café da Manhã da RFM.
No ano seguinte esta cadeia de televisão lançaria também uma série biográfica sobre o cantor.
A 2 de maio de 2022, Marco Paulo seria agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique pelo Presidente da República.
Nesse mesmo ano, o músico voltou a ser diagnosticado com um tumor no pulmão e depois no fígado. Em 2024, a 24 de outubro, meses antes de completar 80 anos, Marco Paulo não resistiu à doença.
Nos últimos anos, o cantor tinha voltado ao Alentejo, a Mourão, a sua terra natal, onde quis abrir um museu sobre a sua vida para "ajudar as crianças com cancro".
O museu poderá perpetuar a sua memória, em Mourão, mas a sua música ficará para sempre na história da música portuguesa e na banda sonora da vida de muitos de nós.