1 de dezembro: um feriado com 384 anos que nem todos conhecem

Em dia da Restauração da Independência, afinal, que dia é este?

Ana Margarida Oliveira
Ana Margarida Oliveira


O dia de hoje tem uma história que mete espanhóis. Se formos perguntar, na rua, a quem passa, porque é que o dia de hoje é feriado, é bem possível que algumas pessoas não saibam bem responder.


Afinal, este dia 1 de dezembro remonta a 1640 e a História pode não ser o forte de todos, o que também é normal.


No dia 1 de dezembro de 1640, Portugal restaurou a sua independência, já que desde 1580, por uns longos 60 anos, três reis espanhóis reinaram no nosso país, após a morte de D. Sebastião, na Batalha de Alcácer-Quibir, sem deixar descendência direta.


Podemos, no entanto, não ter bem "pertencido" a Espanha, durante os ditos 60 anos. Isto porque, afinal, foi uma única monarquia, mas duas coroas distintas! A coroa portuguesa e a coroa espanhola.


Portugal manteve a sua própria língua, os costumes, um grande conjunto de entidades e leis próprias e também um exército português.


Até os reis se chamaram, diferentemente, Filipe I de Portugal e II de Espanha, Filipe II de Portugal e III de Espanha e Filipe III de Portugal e IV de Espanha.


Dito isto, vamos esmiuçar a coisa!


Filipe II de Espanha era neto do nosso rei D. Manuel I e tinha todo o direito ao trono português, porque com a morte de D. Sebastião, Filipe II era o descendente direto. Corria-lhe sangue português nas veias e gostava de Portugal. Chegou mesmo a dizer «quem não conhece Lisboa, não viu coisa boa» e quando veio à cidade fê-lo com a pompa e a circunstância que a capital de um grande império exigia e merecia.


Lisboa era, nesta altura, uma espécie de Roma, no centro do mundo. Era uma cidade agitada, onde chegava tudo de todo o lado, do vastíssimo império que tínhamos criado, conquistado e divulgado.


Filipe II percebeu rapidamente que lhe seria impossível mandar e controlar Portugal se não tivesse o apoio dos nobres. E foi exatamente isso que fez. Do lado dos portugueses, havia também interesse nisto.


Então, nas cortes de Tomar, de 1581, a nobreza e o clero portugueses conseguiram o estatuto especial para Portugal: o de reino com um governo diferente dos governos dos reinos conquistados.


Foi, assim, neste Pacto de Tomar, acordada a autonomia de Portugal dentro da monarquia hispânica! Da nobreza e do clero saiu um conselho de governadores exclusivamente composto por portugueses para governar Portugal.


Portugal manteve, desta forma, uma grande autonomia em relação a Espanha, durante estes 60 anos.


Só quando Filipe III de Portugal, IV de Espanha, quis impor uma verdadeira e real união ibérica, é que os portugueses começaram a demonstrar um grande desconforto.


Nesta altura, os nobres portugueses, que efetivamente governavam o nosso país, iniciaram o que veio a ser, no dia 1 de dezembro de 1640, a restauração da independência.


Chamaram-se os conjurados pela conjura que levaram a cabo. Afinal, estes tinham a confiança do rei de Espanha, para aqui governar, e eram pagos pela coroa espanhola. Conspiraram e ganharam, colocando no trono o duque de Bragança, D. João, futuro D. João IV.


Portugal voltou a ser totalmente independente, dia 1 de dezembro de 1640, há 384 anos!




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