Nesta província chinesa, as mulheres podem faltar ao trabalho por causa das dores menstruais

HÁ QUEM CONSIDERE UMA MAIS VALIA E HÁ QUEM DEFENDA QUE POSSA ACENTUAR A DISCRIMINAÇÃO DAS MULHERES NO TRABALHO

Jéssica Santos
Jéssica Santos


Há certos dias do mês que podem ser muito dolorosos para as mulheres. Não só em termos emocionais, mas também físicos. Esta realidade nem sempre é entendida por todos, mas a verdade é que as dores menstruais podem condicionar e muito a vida das mulheres.


Por isso, a província de Liaoning, no nordeste da China, vai permitir, a partir de março de 2021, às mulheres tirarem até dois dias de licença remunerada por mês devido a fortes dores menstruais, desde que apresentem um comprovativo médico.



Prevê-se ainda a inclusão de uma licença de maternidade de 98 dias, um exame ginecológico anual pago pelo empregador e a ampliação da formação contra o assédio sexual no local de trabalho.

O objetivo é promover um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, permitindo às mulheres dedicarem-se também à sua família.


Apesar de esta medida ser uma mais valia para muitas mulheres, também há quem a veja como uma ameaça à condição da mulher no mercado de trabalho. São conhecidos os desafios que muitas enfrentam no trabalho - desde a disparidade salarial, assédio e/ou discriminação - e, por isso, há quem defenda que esta nova medida possa vir a dificultar ainda mais a vida das mulheres.


Wei Yiran, uma professora chinesa, explica ao “South China Morning Post” que, durante muito tempo, as mulheres e as gravidezes foram vistas como um “fardo caro”. Ainda há quem tenha esta visão, e juntar a isso uma licença menstrual poderá fazer com que pensem que a “contratação de mulheres traz muitos constrangimentos”.


Porém, “se todos obedecerem aos regulamentos e respeitarem as mulheres, a nova lei não deverá ser uma preocupação” diz Lijia Zhang, escritora chinesa.

Ainda que a licença menstrual divida opiniões, esta é uma realidade já existente e em prática noutras províncias chinesas, como é o caso de Ningxia, Shanxi, Hubei. No Japão, as mulheres têm direito a uma licença menstrual desde 1947. Em Taiwan e Coreia do Sul, as mulheres recebem uma licença mensal.




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