Os tempos que se vivem não estão para grandes gastos. Ainda a lidar com as consequências de uma pandemia e, agora, de uma guerra, a hora de ir ao supermercado tornou-se ainda mais complexa, sobretudo no que toca ao momento de puxar pela carteira.


Se és tu que vais às compras e tens a preocupação de fazer escolhas económicas, de certeza que já deves ter notado o aumento dos preços de alguns produtos. A inflação está a atingir valores nunca antes vistos. E, agora, há outro fenómeno em voga e sobre o qual a Deco deixa um alerta a todos os portugueses.

Provavelmente, ainda não ouviste falar em reduflação, mas de certeza que já a sentiste e sem saberes. O nome mistura dois conceitos, que não queríamos enfrentar, neste momento: redução e inflação.

Ou seja, reduflação consiste na redução da quantidade de produto vendido, mas sem alteração no preço. Por exemplo, se antes compravas 1 quilo de arroz por 1,20 euros, com a reduflação passas a comprar 800 gramas por 1,20 euros. O preço, assim, não é alterado, mas a quantidade sim, pelo que o consumidor acaba por gastar mais dinheiro.

Porém, este fenómeno acaba por passar despercebido, porque as embalagens não sofrem qualquer tipo de alteração. Segundo a Deco, citada pela CNN Portugal, este método não é ilegal, desde que esteja indicado no rótulo o peso correto e real do produto.



Em Portugal, esta prática começa a ganhar relevo, principalmente nos produtos do setor alimentar, nomeadamente nos congelados. Porém, a probabilidade de se alargar a outros produtos é grande. A menos que seja um produto que costumas comprar e que, por acaso, decoraste a quantidade, consegues notar a diferença. Caso contrário, torna-se difícil de reparar neste método.


Para a Deco, a solução passaria por mostrar ao cliente que a quantidade foi reduzida, da mesma forma como acontece quando o preço do produto desce ou a quantidade aumenta. Sabes quando o preço do produto está a amarelo e com um “antes e depois” ou quando as embalagens dizem “formato familiar” ou “formato XL” ou até “+ 300 gr grátis”? O mesmo devia de acontecer para a redução da quantidade do produto, para que o cliente tivesse a noção da reduflação.

“Embora o preço se mantenha, é importante dizer que o arroz antes tinha um quilo e agora tem 800 gramas. Se não o fizermos, o consumidor, de forma rotineira, vai pegar no produto e assumir a mesma quantidade de sempre, o que o impede de olhar para outros produtos e fazer uma comparação justa e adequada do preço", assinala Paulo Fonseca, coordenador do departamento jurídico da associação de defesa do consumidor, à CNN Portugal.

Nunca uma ida ao supermercado precisou tanto de muita coragem, paciência, destreza e atenção como agora.