Quem é que nunca coscuvilhou, pelo menos uma vez, na vida?


É quase incontornável falar sobre pessoas (ou situações que lhes acontecem) na ausência dessas pessoas. Com intensidades diferentes, de acordo com a personalidade de cada um, esta é uma condição inerente ao ser humano. Para além de todos gostarmos de uma boa fofoca, o gosto pela cusquice tem uma razão e existe desde sempre. Somos descendentes de pessoas que foram boas nisto porque, nos tempos pré-históricos, quem sabia da vida dos outros era bem-sucedido. E quem o disse foi o professor de psicologia do Knox College, Frank McAndrew, à CNN.


Este especialista em comportamento humano defende a teoria de que se prosperava, em tempos muito antigos – viajando mesmo até ao tempo das cavernas –, porque era fundamental saber o que se passava com os outros. Na posse destes “dados” sobre outras tribos, por exemplo, sabia-se quem tinha poder, quem dominava, quem tinha acesso a instrumentos ou ao fogo, entre outras situações.



Portanto, a “necessidade” de bisbilhotar não começou por ser, a acreditar nesta perspetiva, negativa ou pejorativa como o é, hoje, entendendo o coscuvilhar como falar de alguém sem ser na sua presença. Aquele que sabia muito sobre os outros era considerado socialmente importante.


Certo é que hoje, de acordo com a nossa própria perceção – apesar de todos contarmos ou ouvirmos fofocas –, é considerado um comportamento negativo e depreciativo. Só que há um estudo que diz que, afinal, fofocar faz bem à saúde porque cria laços e liberta mais oxitocina – uma hormona produzida no hipotálamo, no cérebro, que regula várias funções e que está relacionada com o sistema emocional – do que qualquer outra conversa.


Dito isto, pode perceber-se que a coscuvilhice pode “entusiasmar” quem a conta e quem a ouve.



A fofoca cria laços

Diz um estudo, feito na Faculdade de Psicologia da Universidade de Queensland, que conversar sobre outros comportamentos promove ligações entre as pessoas e que promove “comportamentos sociais apropriados”. Uma das investigadoras, Jolanda Jetten, avança que “a fofoca permite-nos monitorizar a reputação de outras pessoas e, ao aprender sobre os seus comportamentos, estamos em melhor posição para decidir se devemos ou não confiar nelas no futuro.”


A fofoca pode fazer bem à saúde

Na Universidade de Pavia, foi feito um estudo através do qual se descobriu que é libertada oxitocina sempre que coscuvilhamos. Portanto, comparativamente a outro tipo e conteúdo de conversa, fofocar liberta esta hormona que está relacionada com o prazer.



A fofoca pode fazer de nós melhores pessoas

Um grupo de investigadores holandeses descobriu que quem ouve fofocas se torna mais cogitativo, ou seja, pode estimular o pensamento e a reflexão. Dizem estes pesquisadores que “a fofoca negativa inspirava auto-aperfeiçoamento, enquanto a fofoca positiva tornava as pessoas mais orgulhosas de si mesmas."

Contudo, advertem para o seguinte: “Fofocar pode criar laços e ajudar-nos a entender melhor o nosso mundo social, o que obviamente é uma coisa boa. (…) No entanto, quando a fofoca é imprecisa, existe a possibilidade de prejudicar uma pessoa que não merece. (…) Então, é importante estar atento ao poder da fofoca enquanto aproveita seus benefícios.”


Dito isto, impera o bom senso. Fofocar com conta, peso e medida e, sobretudo, não prejudicar ninguém!