Clara Pereira, de 64 anos, é portuguesa, vive em França e tem três gatos que a acompanham sempre para todo o lado. Ou costumavam acompanhar. Desde o dia 9 de agosto que não sabe nada do Guyzmo, Mikette e Choupinette. Esta história levou uma grande reviravolta. Clara, que achava que a culpa era da TAP, descobriu que afinal foi o filho a abandonar os gatos.


Vamos ao início da história. Nesse dia, 9 de agosto, o filho de Clara terá alegadamente deixado os três gatos no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, para apanharem um voo da TAP, às 10h30, com destino ao Luxemburgo, onde se iriam encontrar com a dona. No total, Clara pagou 600 euros pelos bilhetes de avião dos gatos. Tudo parecia correr bem, até que as horas foram passando e nada de notícias dos três gatos.


Mais tarde, o filho de Clara ligou-lhe e disse-lhe que um veterinário do aeroporto havia perdido Guyzmo, Mikette e Choupinette e os gatos não tinham chegado sequer a embarcar no avião. Longe de Portugal e a sentir-se impotente perante tal situação, Clara decidiu comprar de imediato um bilhete de avião para Portugal.

À PiT, Clara conta que durante cinco dias dormiu no aeroporto em busca de qualquer informação dos seus três animais de estimação. "Dormi uma noite no chão duro e quatro noites no aeroporto. Não cheguei a comer, estava sem apetite. Fiquei traumatizada", conta. A mulher ainda tentou procurar os gatos pelo aeroporto, com recurso a patê para tentar atraí-los, mas foi impedida pela segurança do aeroporto. "Ninguém fez nada por mim. Uma vez até chorei à frente deles e não se importaram."


Maria Silva, amante de animais e que já ajudou a encontrar inúmeros animais perdidos, viu uma publicação de Clara no Facebook e decidiu ajudá-la. Desde então, que se tem desdobrado em telefonemas para vários números do aeroporto. Infelizmente, as informações têm sido sempre díspares e a ajuda muito pouca. Poucos se mostraram solidários com a dor de Clara e os funcionários do aeroporto não se queriam responsabilizar.



Depois de vários telefonemas, Maria conseguiu falar com uma senhora dos Perdidos e Achados que lhe terá dito que os três gatos fugiram quando um funcionário da Groundforce atirou com força com a sua transportadora, o que fez com que a porta se abrisse e eles fugissem. Desde então que tem sido um verdadeiro jogo de ping pong. A TAP diz que a responsabilidade é da Groundforce, e a Groundforce diz que a responsabilidade é da TAP.

Agora, o caso teve novos contornos. O grupo Gatos Urbanos deixou uma publicação no Facebook que trouxe uma nova reviravolta à história. "No sentido de obter mais dados para fundamentar uma denúncia pública, para pressionar a busca pelos animais, nós e outras pessoas procurámos contactar os filhos, no sentido de apurar com rigor o que se tinha passado no aeroporto, pois a tutora dos animais apenas sabia que os gatos tinham desaparecido e o que lhe fora transmitido pelos filhos era de que teria havido negligência na zona de handling da Groundforce", começam por escrever.


Os filhos da dona dos gatos nunca responderam às dezenas de tentativas de contacto por parte do grupo Gatos Urbanos e isso levou à suspensão da denúncia pública. Aí, começou a desconfiança. Algo não batia certo. Com a ajuda de Maria Silva, e depois do cruzamento de várias informações, o grupo chegou à conclusão que os gatos foram abandonados pelo filho da própria dona. "Estamos em condições de informar, agora, que os três animais nunca entraram no Aeroporto e que foram abandonados por um dos filhos de Clara, sem o conhecimento desta, junto ao parque de campismo em Esmoriz, Ovar."


Entretanto, dois dos gatos, Mikete e Choupinete, já foram recuperados em segurança, na mesma zona. Agora, falta localizar o gato Guyzmo. "Apelamos a todas as pessoas residentes ou que frequentem o local que ajudem a encontrar este animal que terá sido abandonado no mesmo local: parque de campismo em Esmoriz, Ovar."