34 anos depois dos tempos difíceis de guerra e fome, Moçambique volta a passar um mau bocado com as cheias que têm assolado o país!

Numa altura em que Moçambique volta a precisar da nossa ajuda, vem-nos à memória aquele que terá sido um dos primeiros grandes projetos de solidariedade da música portuguesa o “Abraço a Moçambique” dos músicos portugueses, em 1985, (ano do Live Aid), um disco de solidariedade para ajudar no combate à fome em Moçambique.



Nos anos 80, em Moçambique, com a guerra civil ao rubro, os sistemas de saúde e educativo entraram em colapso e, em muitas outras regiões, a produção agrícola desapareceu.

A grande seca que se fez sentir provocou uma terrível fome matando milhões de pessoas e obrigando muita gente a abandonar o país.

Foi para ajudar o povo moçambicano que os músicos portugueses se juntaram num Abraço a Moçambique.

Consegues reconhecê-los no video?

Pedro Osório, Manuel Freire, Paco Bandeira, Pedro Barroso, Raul Indiwpo, Tonicha, Maria Guinot, Teresa Silva Carvalho, Helena Isabel, José Mario Branco, Vitorino, Alexandra, Sérgio Godinho, Samuel, Paulo de Carvalho, José Cid, Lena d'Água, Carlos Mendes, os Trovante (Artur Costa, Fernando Júdice,João Gil e Luís Represas), Rui Veloso, Jorge Palma, Janita Salomé, Júlio Pereira, a Brigada Victor Jara e os Terra a Terra.



"Abraço a Moçambique" foi gravado em 1985 com o apoio da RDP e a RTP, e das editoras discográficas nacionais que abdicaram dos seus direitos e cederam os artistas para a gravação desta canção.

O disco foi gravado em 1985 nos estúdios da editora Rádio Triunfo com distribuição da Emi - Valentim de Carvalho.

Este foi um projeto que, dias depois do histórico Live Aid, culminou, dia 24 de Julho de 1985, num concerto no Coliseu dos Recreios.



Em 1985, no "Abraço a Moçambique", conduzido pelo maestro Pedro Osório, dezenas de músicos portugueses cantaram "Vamos abrir outro mar/ Fazer a ponte cá dentro do peito/ Dar um abraço que é dado a cantar/ E o mar fica assim mais estreito".

Em entrevista ao Público, Luís Represas recorda que a gravação foi como uma festa!

"Foi fantástico", lembra Represas. "Acho que nunca nos tínhamos juntado todos."

Luís não se lembra, no entanto, no que resultou este esforço: "Na altura, as coisas eram muito puras e ingénuas, fizemos aquilo de coração aberto e não passava pela cabeça de ninguém que pudesse haver aproveitamento. Não faço mesmo a menor ideia, mas mesmo que tivesse dado dez tostões já tinha valido a pena. A par da ajuda conseguida, também é importante que a música tenha conseguido colocar Moçambique na ordem do dia".



Segundo o livro "A Bíblia dos Anos 80", além das receitas geradas pelos donativos (através da Caixa Geral de Depósitos e dos CTT) e das vendas do disco e dos bilhetes do concerto, foram também enviadas para Moçambique, através da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, 20 toneladas de produtos farmacêuticos e cinco contentores com roupa, calçado e brinquedos.