Ter apelido, um nome de família, é um “hábito” relativamente recente. Recente, tendo em conta os vários séculos de História de Portugal e da Europa.

A nobreza mais antiga de que há notícia, nos territórios que vieram a ser Portugal, não tinha apelidos. O mesmo acontecia em muitos outros locais do continente europeu.

Com exceção do nosso primeiro rei Afonso, que tinha apelido Henriques (exatamente por ser filho de um Henrique), os reis de Portugal não tinham apelidos e o mesmo era válido para as famílias nobres e também plebeias de Portugal.

As primeiras formas de apelido foram a designação “filho de” - acrescentando "es" ao nome próprio do pai - ou a indicação das terras e dos locais onde as famílias habitavam ou, no caso da nobreza e da fidalguia, das quintas, solares, paços ou herdades que possuíam - fazendo anteceder o nome de um "de".


É por esta razão que os primeiros nomes de família ou apelidos surgem com patronímicos como Gonçalves (filho de Gonçalo), Pires (filho de Pedro), Mendes (filho de Mendo), Nunes (filho de Nuno), para citar apenas alguns exemplos, ou com apelidos como “de Castro”, “de Pontes”, “de Barros” ou “de Oliveira” (neste caso, era Senhor do Paço de Oliveira), entre muitos outros casos, por habitarem em locais com estes nomes.


Dito isto, Gonçalves é, como vemos, um patronímico que significa “filho de Gonçalo”.

A título de curiosidade, Gonçalo tem origem no nome germânico Gunther. Gunther vem de Gunthi que quer dizer “combate” e chegou ao latim com a forma de Gundisalvus e que evoluiu para Gonçalo, em português.


Como Gonçalves quer dizer “filho de Gonçalo” existem várias famílias nobres com este apelido e, assim, os Gonçalves não descendem todos da mesma família, mas de várias!
Ainda assim, há registo de um - se não for mesmo o primeiro - dos mais antigos Gonçalves no território que veio a ser Portugal e que se chamava, então, Portucale.


Vamos enquadrar!

Portucale, o território anterior ao próprio Condado Portucalense, era um reino de Suevos. E, neste reino, há registo de um Mendo Gonçalves, precisamente filho de um Gonçalo Mendes. Lá está: Gonçalves, filho de Gonçalo. Este último, o pai, era Conde e Dux Magnus de Portucale. O filho, Mendo Gonçalves, aparece pela primeira vez, em documentação medieval, no ano 981. Em 999, também documentado, aparece com o título de conde.

Mendo Gonçalves sucedeu ao pai, Gonçalo Mendes, e governou vários territórios em Portucale, como é o caso da zona Bracarense e da região da Maia. Segundo os historiadores, Mendo Gonçalves terá morrido durante um ataque de Vikings à Galiza.


Se és Gonçalves podes ainda ser descendente do Conde Mendo Gonçalves, filho do Dux Magnus Gonçalo Mendes. Podes também ser descendente de outros Gonçalves. Certo é que este nome de família surgiu nas terras de Portucale, muito antes do Condado Portucalense e do próprio Portugal!


Gonçalves é 12º apelido mais comum em Portugal e existem perto de 300 mil portugueses com este nome de família!