Queremos todos viver novas coisas, sair desta bolha, conviver com outras pessoas e respirar outros ares.

Mas estaremos todos preparados para iniciar um novo ciclo? Apesar de estarmos cansados do confinamento, acabámos por criar novas rotinas que podem ser difíceis de quebrar. Habituámo-nos também a estar com menos pessoas e a ideia de voltar, de repente, à vida social pode trazer algum nervosismo. Será que ainda sabemos como é que isto se faz?


Sentir alguma ansiedade social é normal e faz parte, diz Emma Warnock-Parkes, psicóloga clínica e investigadora do transtorno de ansiedade social na Universidade de Oxford, ao The Guardian. Ficámos todos privados da vida social, no ano passado, e quando se deixa de fazer algo por um tempo parece estranho voltar a fazê-lo. O conselho da especialista é: dar tempo a ti próprio.


Tens tempo para te readaptares


O desconfinamento será gradual e terás tempo para processar todos os novos estímulos que vais receber. A vida antes da pandemia não vai voltar da noite para o dia, o que nos dá algum tempo de preparação e de readaptação.


Não fujas das situações sociais


O segredo passa também por não fugires às situações sociais. O medo e a ansiedade podem levar-te a recusar saídas de casa, mas isso a longo prazo só fará com que o teu estado piore, explica Emma Warnock-Parkes. Mas isto não significa que não possas estabelecer limites. Se não te sentes bem a ir a uma festa com muitas pessoas, só tens de ser sincero e explicares que não estás preparado. “Poderás ir a uma grande festa? Claro, só não sabes quando e está tudo bem.”


Nem coloques muita pressão em ti


A psicóloga explica ainda que as pessoas que se sentem mais ansiosas socialmente são as que colocam muita pressão sobre si mesmas. “As interações sociais não são uma performance, mas sim sobre estar com outras pessoas.” Com isto, Emma Warnock-Parkes quer dizer que não temos de ser interessantes o tempo todo, nem ter sempre algo muito profundo e assertivo para dizer.

“Muitos de nós tivemos uma vida semelhante no ano passado. Por isso, partilhar com os outros aquilo que sentiste durante o confinamento é o suficiente, porque essa é a experiência que os outros também viveram."



Sai da tua cabeça


Não oiças apenas os teus pensamentos. “Tenta sair da tua cabeça e perderes-te no que está a acontecer em teu redor. Observa o que os outros estão a fazer e dizer, em vez de te focares apenas em ti próprio”, aconselha Emma Warnock-Parkes.

Todos estes conselhos da psicóloga Emma não pressupõem estar sempre rodeado de multidões. O teu equilíbrio pode resumir-se a duas ou três pessoas. O que é importante é não deixares que, neste desconfinamento, a ansiedade social te feche em casa. Há muito ainda para viver.