No xadrez, os movimentos são calculados, as estratégias são apuradas e agora, aparentemente, o debate sobre a inclusão e igualdade também está em jogo.


A Federação Internacional de Xadrez (FIDE) acaba de anunciar que as mulheres transexuais estão oficialmente fora do tabuleiro dos torneios femininos de alto nível. Até que uma nova análise seja feita, com base em dados mais profundos, a decisão manter-se-á.


A razão? O receio de que estas jogadoras possam estar em "vantagem injusta", segundo cita o site Unilad.


E, de repente, o xadrez tornou-se num jogo de questões sociais e de género. De acordo com as novas diretrizes, qualquer homem transgénero que conquistou os seus títulos no período de pré-transição, num torneio feminino, perde-os. Já as mulheres transexuais que conquistaram títulos em eventos masculinos poderão manter os títulos.


A comunidade do xadrez não esperava esta jogada ousada, que acabou por gerar muita polémica. Yosha Iglesias, jogadora francesa de xadrez, que se identifica como uma mulher transexual, expressou a sua perplexidade no Twitter: "Poderei jogar no campeonato francês dentro de 3 dias?"



Houve ainda outras críticas que acusam a Federação de subestimar as mulheres transexuais e de prejudicar a integridade das jogadoras cisgénero (identidade de género idêntica ao sexo que foi atribuído à nascença). Isto porque há quem defenda que a Federação está a insinuar que nascer como homem confere uma vantagem injusta, implicando que as mulheres cisgénero podem estar em desvantagem intelectual.


E assim, o xadrez, um jogo de intelecto e estratégia, está agora mergulhado num debate sobre identidade, igualdade e inclusão.


Será que haverão mais mudanças para breve?