Se recuássemos no tempo cerca de 75 anos, encontraríamos Anne Frank a registar, no seu diário, o medo e o terror que sentia, ao viver um dos momentos mais trágicos da história do século XX.
A ocupação nazi da cidade de Amesterdão fez com que esta adolescente e a sua família (e tantos outros judeus anónimos) fossem obrigados a viver escondidos, sob pena de serem enviados para campos de concentração.
Na verdade, todos aqueles que se escondiam, no anexo secreto, acabaram presos ou enviados para campos de concentração. No caso de Anne Frank, a adolescente foi, em conjunto com a irmã, para o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde acabaram por morrer.
Durante todos estes anos, entre 1942 e 1944, Anne Frank escreveu um diário que só viu a "luz do dia", em 1947, quando o seu pai, Otto Frank, decidiu publicá-lo, em homenagem à filha.
A partir daí, "O Diário de Anne Frank" tornou-se "um dos livros de não ficção mais lidos em todo o mundo", ao ponto de, em muitas escolas e bibliotecas, estar disponível para todos aqueles que o queiram ler.
Em Portugal, não é exceção e também não o é, em escolas espalhadas pelo mundo. Neste caso, falamos de uma, na cidade de Hampshire, no Texas, nos Estados Unidos, em que os alunos leram a obra.
Foi "O Diário de Anne Frank: A Adaptação Gráfica", que uma professora decidiu analisar e pedir aos alunos do 8.º ano para lerem algumas passagens. Uma delas incluiu, de acordo com o The Washington Post, frases sobre "genitália feminina e masculina e uma possível atração por mulheres".
Depois da aula, alguns alunos rumaram a casa e contaram aos pais as passagens que leram. Os pais entraram em contacto com a escola para pedir esclarecimentos, uma vez que consideraram que os alunos estavam a ler "conteúdo impróprio".
Perante as reclamações, o Distrito Escolar de Hamshire-Fannett anunciou que, "após preocupações sobre as escolhas curriculares nas aulas de leitura", a professora foi demitida. Além disso, a mesma escola anunciou aos pais, através de uma carta, que a "adaptação gráfica do diário de Anne Frank nunca foi aprovada".
No entanto, o The Washington Post avançou que esta obra estava incluída na lista de leituras deste ano enviada aos pais, no início do ano.
O último dia desta professora, que foi obrigada a pedir desculpas publicamente e que não foi identificada, foi a 13 de setembro, sendo que agora a escola de Hamshire-Fannett está em "processo de recrutamento para encontrar um professor de alta qualidade o mais rápido possível".
Esta mesma versão do diário de Anne Frank, que contém o conteúdo original, já tinha gerado polémica numa outra escola americana. Foi a Vero Beach High School, na Flórida, que chegou mesmo a banir a obra por ter "conteúdo sexual explícito".