Num relato honesto, Fernanda Serrano revela as dificuldades financeiras enfrentadas pela família, durante as décadas de 1970 e 1980, marcadas por uma "crise económica enorme". Ela destaca a dureza e a precariedade das profissões dos pais - o pai era serralheiro mecânico e a mãe prensadora numa fábrica - e como isso acabou por impactar a sua infância que, embora feliz, ficou marcada pelas dificuldades financeiras.
Fernanda Serrano transporta-nos para a sua casa modesta, onde a fartura era um conceito distante. Ela relembra os tempos em que a mesa se enchia de enlatados, comida alentejana, sopas e pão, numa luta constante para garantir o básico. Nunca lhe faltou comida, mas nem sempre houve dinheiro para ir ao mercado. "Um dia, era eu muito pequena, devia ter para aí uns sete anos, lembro-me de estar no meu quarto e ouvir a minha mãe a chorar e a dizer que a comida acabara e que não tinha dinheiro para ir ao mercado".
A atriz relembra, com gratidão e admiração, a habilidade única da mãe para criar "milagres" na cozinha, garantindo que nunca faltasse uma refeição na mesa, mesmo nos momentos mais desafiantes. "Hoje, trabalho muito para que nada falte aos meus filhos, para que tenham sempre refeições saudáveis, para que todos os dias comam peixe, carne, legumes e fruta."