Cada vez mais surgem histórias como esta. A perda de identidade das nossas cidades é gritante e isso passa muito pelo fecho de lojas históricas para darem lugar a grandes superfícies.


A mais recente foi a Mercearia do Bolhão que, ao fim de 144 anos de negócio, vai fechar para dar lugar a uma grande loja espanhola que, de certeza, conheces e muito bem: Ale-Hop.


O proprietário, Alberto Rodrigues, vê este fim com lamento e tristeza. Ele não testemunhou apenas a transformação da Invicta ao longo dos anos, mas também sentiu na pele as consequências desse processo. Os clientes, outrora fiéis, foram diminuindo à medida que o apelo das grandes superfícies e das ofertas mais baratas crescia.


Na mesma entrevista ao Porto Canal, Vítor Franco, com mais de quatro décadas de trabalho na Mercearia, partilha o mesmo sentimento de desolação. Para ele, as lojas novas são como uma praga, corroendo aos poucos o que resta do comércio tradicional.

E quando a proposta da multinacional espanhola surgiu, foi como a sentença final para um negócio já debilitado. Alberto não teve escolha senão aceitar, pois as contas não mentem, e a viabilidade do negócio já não estava mais garantida. "Saio daqui com um bocado de tristeza, saio. Se estivesse mesmo a faturar bem, eu ia fazer o sacrifício de me manter à frente disto. Mas vem outras coisas mais rentáveis. É como tudo. Tudo tem o seu fim."


A liquidação total é agora a último oportunidade da Mercearia do Bolhão conseguir vender o que resta antes do inevitável fecho.