Esta minha crónica serve para tudo.
Contar histórias, fazer teatros, refilar de coisas genéricas e hoje vou contar um pequeno episódio que me aconteceu, esta semana.
A minha mulher foi para fora em trabalho e eu fiquei sozinho com os miúdos.
Tenho dois filhos, um de 4 anos e outro de 3 anos.
Foram só dois dias. Dois dias é tranquilo, não é?
“No pasa nada”, dois dias eu seguro sem problemas.
Até nos sabe bem, estamos ali os três. É só ativar o modo pai guerreiro e vamos embora!
A minha mulher saiu de manhã para ir para o aeroporto e eu deitei as mãos à obra. Nada muito diferente do que faço todas as manhãs.
Vesti-os para a escola, preparei o pequeno-almoço e fui para o banho.
Eles ficaram na sala, um deles a comer uma papa, e o outro a comer um iogurte. Estava um resto do meu sumo de laranja na mesa, mas nada digno de nota, tudo tranquilo.
Fui tomar banho e deixei a porta aberta, para se precisassem de alguma coisa me chamarem.
Passados nem 5 minutos, começo a ouvir a voz do Lourenço (4 anos).
“PAAAAAIII” (aquele grito arrastado das crianças que não percebem o conceito de respeitar a vizinhança)
“PAAAAAIIII” repete.
E gritei de volta, ainda no duche, “Diiiizzzz” (os meus vizinhos devem adorar-me)
“Paiiii, o Joaquim está a fazer asneiras!” delatou o Lourenço.
“Joaaaaquiiiim… estás a fazer asneiras?” perguntei, alto e bom som, e ele respondeu prontamente
“Não!”
“Não?” lancei, com suspeita na voz.
“Não!” pequena pausa e acrescentou “Estou a fazer experiências!”
O Lourenço gritou por cima “São asneiras, são! E não são poucas!”
Aí eu pensei, “Pronto, temos a burra nas couves!”. Saí a correr do banho, cheguei à sala e lá estava.
Quero sublinhar que devo ter estado, no máximo, 5 minutos no banho. Quando cheguei à sala, ainda a pingar, deparei-me com a experiência.
O Cientista Joaquim tinha juntado o sumo de laranja com a papa que estava a comer para criar uma espécie de mistela infernal e depois encarregou-se de a espalhar pela mesa, pela t-shirt dele e um bocado no chão.
Quando vi este cenário disse logo “Joaquim! Estás a fazer asneiras!”
E ele disse calmamente, “não… estou a fazer experiências!”
Houve um impasse de tensão e eu comecei a rir-me. Eu sei que não podemos, eu sei que mina a autoridade, mas às vezes não dá.
Meio desesperado limpei, limpei-o, e voltei a vesti-lo.
Correu tudo bem, e lá saímos e fui levá-los á escola.
Entretanto expliquei-lhe que ele tinha feito asneiras e acho que ele percebeu
Como podemos ouvir aqui:
E eu desculpei, ora claro que desculpei, agora não ia desculpar o meu filho que é amoroso a falar assim?
Então o miúdo estava a experimentar nem sequer estava a fazer asneiras! Quem sou eu para cortar a criatividade deste pequeno artista?
Não sou ninguém!